Paciência continua sendo o lema dos motoristas que precisam trafegar pela área central de Curitiba nos horários de pico. Ao mesmo tempo, obras continuam sendo executadas nos cruzamentos da Rua Lourenço Pinto com a Avenida Visconde de Guarapuava e com a Rua André de Barros, além da interdição para veículos da Avenida Sete de Setembro (veja infográfico). As dificuldades dos motoristas devem permanecer até o fim do mês, prazo estipulado pela prefeitura de Curitiba para o término das intervenções.
A maior parte dos motoristas entende a necessidade das obras, mas não compreende o porquê da simultaneidade. "As obras são ótimas e necessárias", afirma a professora de inglês Alexandra Martins Viana Barros. "Só que, como se fecha todas as vias, o motorista não tem opções." A professora diz estar com dificuldades para cumprir seus horários. "Como presto serviço em vários pontos da cidade, preciso me deslocar muito, e tenho me atrasado com freqüência", reclama. "O nível de estresse está passando dos limites."
De acordo com a prefeitura, o bloqueio em diversas vias ocorre porque é a maneira mais eficaz de fazer as intervenções. Operários e máquinas, durante o respiro do concreto, podem ser aproveitados em outros focos. O objetivo é concluir as obras rapidamente para, além de amenizar o trânsito, oferecer boas condições ao comércio do centro para as compras de fim de ano.
O diretor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR), Carlos Hardt, explica que os impactos das grandes intervenções precisam ser estudados durante e após a obra. "É preciso minimizar os impactos", diz. "Geralmente, é mais rápido e barato fazer uma só vez. Porém, às vezes, vale a pena pagar um pouco mais e ser mais lento para diminuir a interferência no cotidiano das pessoas."
Para Zulma Schussel, professora de Planejamento Urbano e Regional da PUC, o tempo de execução da obra seria diminuído se os operários trabalhassem em tempo integral, incluindo fins de semana e madrugadas. "Outra solução seria adiar para janeiro, quando a cidade está mais vazia, porque não há movimentação das escolas", aponta. A prefeitura informa que os funcionários trabalham, geralmente, das 7 às 22 horas, de segunda a domingo. E que aumentar as horas trabalhadas não agilizaria a obra.
Salgado Filho
Outro ponto da cidade também sofre com os bloqueios: é a região do Guabirotuba, no cruzamento entre a Avenida Salgado Filho e a Linha Verde. Com a interdição da Salgado Filho, há poucas rotas de escape para os condutores. No fim da tarde de ontem, o trânsito estava bastante lento. "Se a pessoa não tiver o mínimo de paciência, vai se estressar muito. É preciso pensar que daqui a pouco a situação vai melhorar", defende o motorista Lionel Dias.
Muitos condutores argumentam que não há opções para quem precisa fazer a travessia. "É o único caminho que posso seguir para pegar a Linha Verde nessa altura", conta o vendedor Claudinei Fleck. "Perco 45 minutos desde que começaram a mexer aqui."
A conclusão das obras na Salgado Filho deve acontecer até o fim do ano, com a construção do binário PUC na Rua Imaculada Conceição (sentido Guabirotuba) e Avenida Salgado Filho (sentido Prado Velho). Um dos caminhos alternativos para quem não pretende usar a Linha Verde é o binário Capão da ImbuiaHauer.