Com a desintegração do sistema de transporte e o consequente encarecimento do custo do transporte em Araucária, os moradores da cidade estão começando a cogitar novos meios para deixar de depender do transporte coletivo. De acordo com uma estimativa da Câmara Municipal de Araucária, 12,5 mil pessoas fazem o trajeto entre a cidade e Curitiba por dia.
A estudante de teatro Bruna Casagrande afirma que está considerando morar com seu irmão em Curitiba para evitar os transtornos que tem passado. “Além do custo mais alto, o tempo que estou gastando para ir até Curitiba aumentou. Perco 1h30 por dia, que é um tempo em que eu poderia estar estudando ou fazendo qualquer outra coisa. Se continuar assim, vou ter de mudar”, disse.
Outra opção, disse Bruna, seria adquirir um veículo. “Faria isso se tivesse o dinheiro, já que a manutenção do carro não deve custar muito mais do que estou pagando hoje nas quatro passagens. E sem conforto nenhum.”
Já a técnica de enfermagem Janete de Jesus Silva, moradora de Araucária, reclamou que a confusão pode colocar seu emprego em risco. “Eu já cheguei algumas vezes atrasada no trabalho, e eu estou em período de experiência. Agora vou ter que incomodar de novo a empresa por causa da mudança no cartão”, conta ela. Janete também se queixa do custo do trajeto após a desintegração do sistema. Por trabalhar em Curitiba, no bairro Campina do Siqueira, ela agora tem que desembolsar quatro passagens. “Está muito pesado”, disse ela.
Antes da mudança, moradores de Araucária pagavam uma única passagem para chegar a um terminal de ônibus na cidade e, de lá, partir para a capital. Agora, ao desembarcar no terminal de Araucária, uma nova passagem é cobrada caso o usuário queira seguir para Curitiba.
Para a pensionista Maria Francisca Farias, a população está certa em se revoltar, como aconteceu quando centenas de pessoas se manifestaram fechando o terminal Vila Angélica e depredando ônibus. “Tem de ir pra cima mesmo. A gente, que é pobre, só é ouvido desse jeito. É uma injustiça muito grande”, afirmou.