O travesti Wanderson da Silva, de 24 anos, foi atropelado e morto no domingo (7) por um cliente, nas proximidades da Avenida dos Bandeirantes, no Planalto Paulista, zona sul de São Paulo. O responsável pelo crime conseguiu fugir logo depois do atropelamento e não tinha sido encontrado pelos policiais até as 20 horas de ontem.
Segundo testemunhas, Sheila, como o travesti, natural de Belém (PA), era conhecido, estava na Avenida Indianópolis quando foi abordado por um cliente em um Hyundai Santa Fé prateado para fazer um programa, no início da manhã do domingo (7). Os dois entraram no estacionamento do Hotel Águia, na Avenida dos Bandeirantes, por volta das 6h45, mas não chegaram a ficar no local. Por motivos que a polícia não havia esclarecido até a noite de ontem, o travesti desceu do carro e tentou abrir a porta do motorista.
No mesmo instante, o cliente acelerou e o travesti se jogou sobre o capô do carro, tentando evitar a fuga. O homem saiu do estacionamento pela Alameda dos Piratinins, arrastando Sheila até o cruzamento com a Alameda Moaci, duas quadras depois. A vítima caiu e foi atropelada pelo carro do cliente.
Wanderson sofreu ferimentos na cabeça e morreu enquanto era socorrido. Segundo funcionários do hotel, não foi possível perceber se houve discussão entre o cliente e Sheila assim que entraram no estacionamento com o carro. Eles dizem que o intervalo de tempo entre a chegada e a saída do estacionamento foi de poucos segundos. Os funcionários também garantem que a dupla não esteve hospedada ali.
A polícia procurou câmeras de segurança no hotel, mas foi informada de que o sistema de monitoramento funcionou somente até o último dia 29. Os investigadores esperam que câmeras da vizinhança tenham captado alguma imagem. Os registros dos aparelhos serão analisados nesta segunda-feira e podem trazer a placa do carro do atropelador.
Segundo colegas de Sheila que também trabalham na Avenida Indianópolis, agressões contra travestis são bastante comuns no local, mas o caso do domingo causou surpresa por ter provocado uma morte. Vizinhos também reclamam das constantes brigas entre travestis e clientes. Na tarde do domingo (07), amigos do travesti foram à Alameda dos Piratinins recolher os objetos pessoais dele.
"Passou por cima"
O encanador e azulejista Valter Rocha Novaes, de 40 anos, afirmou que chegava em casa no início da manhã quando viu o atropelamento. "Ele veio enganchado no capô do carro. Daí, caiu no chão e o motorista passou por cima."
Segundo Novaes, o responsável pelo atropelamento fugiu pela Alameda dos Piratinins, na direção da Avenida Indianópolis. "Parecia um homem mais velho. Ele saiu em disparada e até arranhou o carro na valeta, de tão rápido que estava." O caso foi registrado no 27.º Distrito Policial (Campo Belo).