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Há um ano

Tremores de terra que abalaram Londrina podem ocorrer de novo, diz geólogo

Albergue noturno de Londrina com rachaduras após o início dos abalos | Ronaldo Ronan Rufino/Gazeta do Povo
Albergue noturno de Londrina com rachaduras após o início dos abalos (Foto: Ronaldo Ronan Rufino/Gazeta do Povo)

Há um ano, Londrina, no Norte do estado, registrava uma sucessão de estrondos que geraram curiosidade e apreensão na comunidade pé-vermelha. O susto, segundo o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), foi realmente causado por tremores de terra, que chegaram a ocorrer 14 vezes entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016 na região. Mas não para por aí: especialistas alertam que não estão descartados novos registros.

“A chance de termos algo de novo é real”, diz o geólogo da Universidade Estadual de Londrina (UEL) José Paulo Pinese. Ele coordena a comissão de pesquisadores que acompanhou os pequenos abalos no município e agora trabalha no projeto para criar uma base sismológica permanente na cidade.

Os 14 eventos registrados no período atingiram magnitude de até 1,8 graus na escala Richter, com epicentro nos jardins São Fernando e Califórnia, zona leste da cidade. Na época, os técnicos da USP e os pesquisadores da UEL analisaram a possibilidade dos tremores estarem ligados à atividade humana. “Mas não conseguimos encontrar nenhum vínculo com obras que estivessem sendo feitas. Os tremores aconteceram por conta de uma atividade natural”, observa o geólogo da universidade local.

Conforme Pinese, todos os dados coletados durante esse período mostram que a chuva foi um segundo fator que colaborou para este tipo de evento. O pesquisador recorda que entre a primeira e última anotação dos abalos, Londrina enfrentava dias consecutivos de instabilidade, o que impactou o solo.

“Quando o solo recebe muita água, acaba se contraindo e isso abaixa um pouco o nível dele. Dependendo do ângulo, isso pode gerar danos para a construção, agricultura. É uma característica que contraria o que pensamos originalmente, que o nosso solo não sofre expansão com o ingresso de água. Ele se contrai e entra em colapso”, explica o professor.

“Os tremores não tiveram magnitude destruidora, mas podem ter sido acelerados por causa desse processo de colapso do solo. São situações que ocorreram de maneira simultânea”, acrescenta. Os tremores deixaram diversas casas com danos na cidade.

Acompanhamento permanente

Até registrar os primeiros tremores, Londrina não contava com nenhum sismógrafo instalado no município. Depois que os eventos começaram a ser contabilizados, cinco equipamentos móveis foram trazidos por profissionais da USP para monitorar a situação provisoriamente.

Hoje, um ano depois dos abalos sísmicos, dois seguem na UEL. Ainda assim, há a necessidade de criar uma base sismológica permanente.

Essa instalação, salienta Pinese, deve proporcionar mais clareza sobre os ciclos e a frequência de tremores de terra na região. Em países mais desenvolvidos, esse monitoramento, lembra ele, ocorre a contento. A expectativa é iniciar as ações da instalação em janeiro de 2017, a partir da inclusão de Londrina na Rede Sismográfica Brasileira (Brasis).

“Levantamentos geofísicos, geológicos e de geologia estrutural poderão auxiliar no planejamento e execução de obras civis no Norte do estado e a minimizar os impactos recentes que propiciaram deslizamentos e colapsos de solos”, enfatiza o geólogo.

A base de sismologia deve custar cerca de R$ 100 mil, já incluído o valor do sismógrafo – hoje em torno de US$ 25 mil.

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