Dos 4,6 mil quilômetros de ruas de Curitiba, apenas 1,3 mil têm asfalto definitivo. Do restante, 450 quilômetros são de terra pura, 1.650 estão revestidos com antipó ainda não deteriorado e 1,2 mil têm antipó com a vida útil vencida entre 15 e 35 anos. Antipó é uma fina camada de asfalto muito esburacada ou irregular devido aos muitos remendos. É principalmente sobre esse tipo de pavimento, predominante nos bairros, que os veículos pesados causam tremores de terra ao passar em alta velocidade.
A Secretaria Municipal de Obras prioriza a pavimentação nas ruas por onde passa o transporte coletivo, nas ligações entre bairros, nas ruas onde há comércio intenso e equipamentos públicos, como escola, creche, hospital, escola. Nesses casos deveria haver asfalto, não antipó. Em última análise, as vias em melhores condições deveriam ser aquelas onde passam os ônibus, o que nem sempre acontece, como mostram algumas ruas de Santa Felicidade, da CIC e do Novo Mundo.
Numa extensão de 500 metros, as residências das quadras à esquerda e à direita da Rua Antônio Carlos Raimundo tremem a ponto de bater portas e janelas quando passa o ônibus da linha Santa Cândida-Santa Felicidade. Devido ao declive, os ônibus descem o trecho em alta velocidade, aumentando a intensidade dos tremores. No extremo oposto da cidade, outros exemplos são as ruas João Bonatt, no Novo Mundo, e Robert Redzinski, na Cidade Industrial de Curitiba. Todas são revestidas com antipó.
O antipó foi uma opção barata e de cara manutenção, como se nota de sucessivas administrações municipais. É barato, mas dura pouco três anos, quando muito. Ele não tem meio-fio, não tem base adequada para suportar peso de carro e não tem esgotamento sanitário. Duas centenas de homens percorrem todos os dias as ruas da capital à caça de buracos. A prefeitura consome, em média, R$ 5 milhões por mês nas operações tapa-buracos. É como enxugar gelo, pois cada nova chuva deixa um lastro de crateras nos bairros.
No ritmo atual de substituição de antipó por pavimento definitivo, Curitiba levará 45 anos para asfaltar todas as ruas com antipó. O secretário municipal de Obras, Mário Tukumi, espera abreviar esse tempo com as duas máquinas que reciclam o antipó misturando-o com cimento para servir de base para o asfalto da própria rua. "Sou otimista, acho que dá para reduzir esse tempo pela metade", diz. Tanto otimismo conta, ainda, com acordos políticos entre a prefeitura e o governo do estado, que, segundo Tukumi, estão adiantados. "Acho que vamos ter boas novidades para o segundo semestre", disse sem adiantar detalhes. (MK)
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