Três adolescentes, dos quatro que comeram brigadeiros com suspeita de envenenamento, seguem internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Clínicas (HC), em Curitiba, na manhã desta quarta-feira (14). A família de uma das jovens, de 14 anos, recebeu uma caixa com oito bombons na tarde de segunda-feira (12) e quatro pessoas passaram mal após ingerir parte dos doces. Todos têm menos de 18 anos.
De acordo com a Delegacia de Homicídios (DH), um taxista entregou os bombons no Jardim Futurama, no Umbará. O taxista ainda não foi identificado pela polícia, de acordo com informações da manhã desta quarta-feira.
A adolescente de 14 anos segue em estado grave. De acordo com o HC, será necessário avaliar a evolução do caso pelas próximas 48 horas para poder ter informações mais detalhadas sobre a situação. A vítima sofreu uma parada cardiorrespiratória na segunda-feira. O aniversário de 15 anos da vítima será no próximo sábado (17) e a adolescente achou que se tratava de doces para provar para a festa, de acordo com um vizinho, que não quis se identificar.
Outra jovem, de 16 anos, também está em estado grave. A adolescente estava entubada nesta manhã. O garoto, de 16 anos, apresentou melhora, mas ainda está internado na UTI.
A quarta vítima, um menino de 13 anos, recebeu alta no fim da tarde de terça-feira. Ele estava internado, em observação, no Centro de Urgências Médicas do Pinheirinho.
Motivação
O delegado titular da DH, Rubens Recalcatti, informou que o caso é tratado como tentativa de homicídio. "Estamos investigando algum problema com a adolescente (de 14 anos). O fato de o pai dela ser policial militar também chama a atenção." A suspeita é de que os brigadeiros estivessem contaminados com veneno para rato. Um vizinho da família, que pediu para não ter o nome revelado, confirmou que a adolescente que está na UTI é filha de um policial. "Não sabemos se os bombons eram para a menina ou para o pai dela", afirmou.
Recalcatti disse que as informações do taxista são importantes para a investigação. Apesar de não ter identificado quem é o homem que entregou os bombons na casa da adolescente, o delegado pede que o taxista se apresente e ajude a esclarecer o caso. "Precisamos falar com o taxista. Ele deve comparecer na delegacia."
Perícia
Quatro brigadeiros que ainda não haviam sido ingeridos foram enviados para análise no Instituto de Criminalística (IC), que já iniciou a perícia nesta terça-feira (13). A adolescente foi submetida a exames para comprovar ou descartar o envenenamento. O sangue dela foi colhido no hospital e deve ser encaminhado ainda nesta terça para o Instituto Médico Legal (IML) para ser analisado. Ainda não havia nenhum laudo sobre o caso na manhã desta quarta, de acordo com a delegacia de Homicídios.
O chefe do Laboratório de Ciências Químicas e Biológicas do IC, Junilce Brettas Guidolin, informou que nesta quarta (14) deve ser realizado um exame químico e cromatológico nos doces para identificar o possível veneno usado. Porém, ela acredita que existe a possibilidade do material ser repassado para o IML, já que o laboratório do Instituto Médico Legal deve fazer uma perícia no sangue de uma das adolescentes. Neste caso, um só local faria toda a perícia. De qualquer forma, o resultado deve sair em uma semana.
A perita criminal, responsável pela análise do material no IC, Mariana Ulyssea, explicou que inicialmente os exames priorizam os tipos de venenos mais comuns, entre eles o chamado "chumbinho" usado como raticida. Caso não se confirme o uso destes produtos, o leque de tipos de venenos vai ampliando até identificar um que tenha sido utilizado. "A maioria dos venenos não é solúvel em água. Então, a gente vai usar vários solventes para identificar o tipo de veneno", afirmou. Basicamente, existem quatro classes de venenos pesquisados na perícia: organoclorados, organofosforados, carbamatos e cumarínicos.
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