Passados três anos, o mistério que cerca o desaparecimento da paranaense Carla Vicentini, em Newark, nos Estados Unidos, permanece sem um desfecho. A estudante, então com 22 anos, foi vista pela última vez na noite do dia 9 de fevereiro de 2006, quando conversava com um americano no clube Adega Bar and Grill, próximo ao apartamento onde estava morando com uma amiga. De lá para cá, para a família, que mora em Goioerê, no Centro-Oeste do Paraná, as esperanças de encontrar Carla com vida se esgotaram.
Segundo Tânia Maria Pereira Vicentini, mãe da estudante, é melhor conviver com essa certeza do que sonhar com hipóteses infundadas. "Por mais que doa falar isso, precisamos encarar as coisas com os olhos da realidade", diz. "Ela sempre foi muito ligada à família; por isso sei que ela jamais seria capaz de fugir, como chegou a ser especulado", conta a mãe. "Também, pelo que conheço dela, sei que ela não se submeteria a um cárcere privado. Ela sempre foi muito pró-ativa, já teria conseguido fugir ou deixar alguma pista".
A família reclama, no entanto, que desde dezembro de 2007 não recebe notícias sobre a investigação do caso. "No começo eram muitas pistas e muita informação desencontrada", conta Tânia. "Depois que passou um tempo, o caso só não foi esquecido graças à ajuda de amigos e da comunidade brasileira nos Estados Unidos", afirma.
Desaparecimento
Carla embarcou no início de janeiro de 2006 para os Estados Unidos, por meio de um programa de intercâmbio da agência World Study Educação Intercultural, com o objetivo de trabalhar e estudar inglês. A estudante trabalhou por duas semanas em Dover, New Jersey, em uma rede de lanchonetes, mas, sem avisar a agência contratada para levá-la aos EUA, mudou-se para a cidade de Newark, no mesmo estado, para morar com a brasiliense Eduarda Ribeiro, na época com 20 anos, que ela havia conhecido durante o voo.
No dia 9 de fevereiro, Carla foi vista pela última vez, conversando com um americano no clube Adega Bar and Grill, local de trabalho de Eduarda. De acordo com relato da amiga, o homem, com quem Carla conversou e pegou carona até o apartamento onde morava, tinha aproximadamente 30 anos. Eduarda fez o retrato falado do americano e a polícia de Newark chegou a oferecer US$ 2 mil de recompensa a quem fornecesse qualquer pista sobre Carla, mas, de lá para cá, as investigações não avançaram.
Investigações
O Ministério das Relações Exteriores informou à Gazeta do Povo Online que mantém, por meio do consulado brasileiro em Nova Iorque, os esforços para encontrar a estudante. Segundo o Itamaraty, a polícia de Newark, embora não tenha novas pistas sobre o paradeiro de Carla, garante que não arquivou o caso e que permanece na investigação.
A família de Carla liga ou manda e-mails para o consulado brasileiro em Nova Iorque e para a embaixada americana no Brasil todas as semanas para saber como andam as investigações sobre o caso. A última pista que os policiais encontraram sobre o paradeiro da jovem foi informada aos familiares em dezembro de 2007, mas a informação era equivocada. Na ocasião, uma mulher disse à polícia que havia visto Carla em uma rodoviária no Arizona , sudoeste dos Estados Unidos. O FBI foi atrás e descobriu que se tratava de outra pessoa.
Várias outras falsas pistas deixaram agoniada a família da universitária. A mãe da estudante conta que, ainda em 2006, um corpo de uma mulher com as mesmas características de Carla foi encontrado às margens de um rio na cidade de Clifton, New Jersey. "Eu e meu marido fizemos um exame de DNA para comparar com amostras do corpo e foi confirmado que não era ela", lembra. "Enquanto o resultado do teste não saía, ficamos em pânico, esperando a confirmação".
Sofrimento
Além de já não ter esperança de rever a jovem com vida, a família sofre com a falta de respostas. "Preciso saber o que aconteceu exatamente. É uma necessidade de mãe ter conhecimento sobre o filho, não dá para explicar", diz Tânia. Apesar da angústia, ela afirma que não sente raiva do suposto criminoso que teria executado sua filha. "Uma coisa que não quero ter é sentimento de ódio ou vingança. Peço a Deus que abençoe esta pessoa e que ela jamais torne a fazer o que fez novamente", diz. "Não fico desejando que ela sofra para pagar pelo que cometeu, peço apenas uma resposta, para saber o que houve".
Tânia, que é dona de casa, conta que durante aproximadamente dois anos ficou em depressão e, à espera de notícias de Carla, sequer saía de casa. "Somente de um ano para cá comecei a retomar minha rotina. Hoje tento manter em minha mente apenas as boas lembranças, as lições de vida que ela deixou", diz. "Gosto de pensar que um dia, em algum lugar, vou reencontrar minha filha".
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