Luiz Rossi, pai da estudante, disse que só vai descansar quando todos os envolvidos no crime forem condenados| Foto: Gilberto Abelha / Arquivo JL

Entenda o caso

Amanda Rossi desapareceu em 27 de outubro de 2007, depois de uma apresentação de dança na Unopar. O corpo foi encontrado dois dias depois dentro da casa de máquinas da piscina.

Em dezembro de 2007, a Polícia Civil prendeu Luan Silva Freitas, 20, que se declarou culpado. Ele foi solto dois meses depois, após ser comprovado que o jovem forjou provas para se incriminar.

No dia 22 de dezembro de 2008, Dayane de Azevedo, Luiz da Rocha e Alan Henrique foram presos depois que uma testemunha contou à polícia que a jovem teria confessado ter matado a estudante.

No primeiro depoimento, Dayane confessou o crime e apontou Rocha e Henrique como executores. Em juízo, ela mudou o depoimento e disse que apenas presenciou o homicídio.

No dia 14 de julho de 2010, a juíza Elizabeth Kather, da 1ª Vara Criminal, determinou que os três suspeitos fossem a júri popular.

Luiz da Rocha conseguiu na Justiça o direito de ser julgado separadamente dos outros dois réus.

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Terminou por volta das 6h30 deste sábado (1) o julgamento do caso Amanda Rossi. O júri popular, que teve início por volta das 9h de sexta, estendeu-se durante toda a madrugada. No total, 16 pessoas foram ouvidas, incluindo os réus Dayane de Azevedo e Alan Aparecido Henrique, que foram condenados pelo Tribunal do Júri por quatro votos a três. Ambos negaram a participação no crime.

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Dayane foi condenada por homicídio triplamente qualificado a uma pena de 23 anos de reclusão em regime fechado. Já a condenação de Alan foi por homicídio duplamente qualificado. A pena é de 21 anos de prisão também em regime fechado. A diferença da condenação dos dois é porque o júri entendeu que Dayane teria recebido dinheiro para cometer o crime e Alan não.

O advogado de defesa de Alan, Laércio dos Santos Luz, informou que vai recorrer da decisão. Para ele, Alan foi prejudicado com o depoimento de Dayane que, apesar de ser considerada ré confessa, negou participação no crime durante o julgamento. "Passa uma ideia de que o Alan se associou a ela", explicou.

Luz pediu ao Tribunal de Justiça o desaforamento do julgamento, para que o júri seja realizado em outra cidade. O pedido ainda não foi votado e se o TJ acatar o recurso da defesa de Alan, o advogado disse que pode haver um novo julgamento do caso. "Acredito que não está terminado", confessou.

No entendimento do júri, Dayane teria atraído Amanda para o local do crime e a agredido com um objeto cortante, que feriu a testa da estudante. "Segundo denúncia anônima, o ferimento foi causado por um 'bico de pato' [prendedor de cabelo] prata que Dayane usava naquela noite", informou o advogado. Em seguida, Alan teria esganado Amanda até a morte.

Defesa de Dayane vai pedir nulidade do julgamento

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O advogado de defesa de Dayane de Azevedo, Silvio Arcuri, disse que também vai recorrer da decisão do júri e pedir a nulidade do julgamento ou redução de pena. Segundo ele, houve interferência do Ministério Público durante o depoimento da acusada, que causou o cerceamento de defesa pessoal. "Causou má impressão aos jurados", justificou.

Ele informou que foi surpreendido pelo depoimento de Dayane que, durante o interrogatório, negou que estivesse na cena do crime. "Conversei com ela na véspera do julgamento e ela veio com a notícia de que teria sido torturada pela polícia, foi ameaçada e por isso teria inventado tudo. Essa alteração da defesa pessoal dela fez com que a minha defesa técnica tivesse que mudar de rumo", contou.

Arcuri explicou que se ela não tivesse negado estar na cena do crime, a defesa pediria a delação premiada – quando um suspeito ajuda no esclarecimento dos fatos, com a identificação dos demais acusados, e pode ficar isento ou ter redução de pena. "Toda a alegação que pesa contra os acusados foi com base nos primeiros depoimentos dela", lembrou. Mas como Dayane mudou o depoimento, perdeu o direito de pedir a delação. Enquanto aguarda julgamento do recurso, Dayane vai permanecer na cadeia pública.

Paralelamente corre um inquérito sobre a existência de um mandante do assassinato da estudante, mas até agora a polícia não encontrou solução para o caso.

Pai diz que luta não foi em vão

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O pai da estudante, Luiz Rossi, que ficou conhecido pelas diversas mobilizações pedindo Justiça pelo assassinato da filha, disse que a luta não foi em vão. "Foi uma pena justa". Para ele, a condenação de dois dos acusados do crime foi uma satisfação. Mas ainda não é hora de descansar ou respirar aliviado. "Quero a condenação de todos", afirmou, referindo-se ao julgamento de Luiz da Rocha e de um possível mandante do crime, investigado pela polícia.

Segundo Rossi, enfrentar o julgamento foi muito difícil para a família. "Teve momentos em que até me retirei", confessou. "Foi uma barbaridade terrível o que fizeram com a Amanda". Ele espera a conclusão definitiva do caso para "limpar" o nome da filha, agradecer e "sair de cena".

O julgamento

O júri popular durou cerca de 22 horas e foi marcado pelo forte calor e sistema de som ruim, principalmente no microfone das testemunhas. Durante a sessão, a ré Dayane de Azevedo se mostrou muito nervosa e chegou a ser retirada da sala pela juíza por interferir no depoimento de um perito do IML. Em depoimento, ela disse que foi "obrigada" a assumir o crime e que todo o processo "era uma grande mentira". A ré chegou a discutir com a magistrada.

Já o réu Alan Aparecido Henrique demonstrava tranquilidade. Ele voltou a negar qualquer participação no assassinato da estudante Amanda Rossi. Alan relatou que não esteve no festival de dança na universidade e que nunca teria visto a estudante.

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Para evitar que os depoimentos fossem gravados, a juíza Elizabeth Kather determinou que gravadores e câmeras de televisão ficassem desligados. Desconfiada de que um repórter de rádio gravava a sessão, a juíza desceu da mesa e retirou o gravador e o microfone das mãos do profissional. Ela também esvaziou o plenário duas vezes em razão de toques de celulares. Kather só permitiu o retorno depois que as pessoas retiraram a bateria dos aparelhos.