A defesa do influenciador Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark, comparou as recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes no caso com a realidade de países totalitários. “Estamos diante de um tribunal de exceção em que vítima, juiz e acusação se misturam em uma só pessoa”, afirma o advogado criminal Jorge Salomão, ao citar que o fato é proibido pela Constituição.
Em entrevista à Gazeta do Povo nesta quinta-feira (10), o jurista explicou que Monark foi colocado dentro do inquérito policial que investiga crimes cometidos no dia 8 de janeiro de 2022 sob alegação de ter “defendido ‘ideia abertamente ilegal e antidemocrática’”.
No entanto, “o que ele fez foi expressar seus pensamentos livremente em uma democracia e realizar críticas aos poderes constitucionais”, citou o advogado criminal, ao se referir a falas do rapaz em relação ao STF e aos questionamentos que fez sobre a segurança das urnas eletrônicas nas eleições de 2022. Para o advogado, Monark foi escolhido, pela repercussão de suas falas, para ser colocado no inquérito por algo que não cometeu. “Isso é autoritarismo. Não há outra palavra para descrever”, completou.
- Multado e censurado, Monark não violou uma única lei, dizem juristas
- Rumble aponta censura e recorre das decisões de Moraes que bloqueou canais de Monark
- "Brasil se acostumou com teatro macabro de superpoderes de Moraes", diz Monark
- 12 aberrações jurídicas do inquérito contra empresários, que segue em andamento
Ainda segundo ele, “as manifestações do influenciador expressaram suas críticas, e não poderiam ser objeto de censura prévia”, como ocorreu ao ser multado em R$ 300 mil e ter suas redes sociais bloqueadas e desmonetizadas. “Isso sem nenhuma manifestação da Procuradoria-Geral da República ou investigação de qualquer autoridade policial”, pontua o jurista, lembrando que o “o Poder Judiciário é inerte” e não pode tomar medida de investigação ou contra o réu por iniciativa própria.
De acordo com o advogado, o que existe na decisão é uma menção da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Mas ela detém algum poder de polícia?”, questiona. “Parece que os princípios constitucionais da imparcialidade, do juiz natural e da inércia da jurisdição foram frontalmente violados, já que o Estado Democrático de Direito não permite, sob nenhuma hipótese, juízos ou tribunais de exceção”, pontuou.
E esse é o cenário enfrentado por Monark, segundo a defesa, pois o recurso encaminhado no último dia 8 de julho precisará ser aceito pela própria vítima que, nesse caso, também é o relator e juiz. “Alexandre de Moraes precisará reconsiderar sua própria decisão ou colocá-la para julgamento em plenário no STF, e não temos mais a quem recorrer”, esclarece.
“Tais ‘medidas’ são parecidas com aquelas existentes em sombrio período da nossa história, uma vez que proíbem atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política”, finaliza o advogado Jorge Salomão.
>> Faça parte do canal de Vida e Cidadania no Telegram
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Síria: o que esperar depois da queda da ditadura de Assad
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora