Mais de cinco mil professores deram o "caldo" do protesto contra o pacotaço do governo estadual ontem. Movimento continua hoje| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Greve

Escolas não têm condições de abrir

O "pacotaço" apresentado do governo estadual foi apenas a gota d’água na lista de descontentamento de professores e funcionários da rede estadual de educação.

No fim de janeiro, o governo cortou 30% dos funcionários dos colégios – 10 mil servidores, segundo o sindicato. Algumas escolas tiveram o quadro de servidores reduzido a um funcionário. Perderam merendeiras, pedagogos e diretores-auxiliares.

Além disso, há incertezas quanto ao número de professores. Segundo o sindicato, seriam necessários pelo menos 15 mil docentes temporários – contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS) – para iniciar o novo ano letivo. A Secretaria de Estado da Educação, porém, anunciou que chamaria dez mil deles, mas, até as vésperas da greve, os educadores ainda não haviam sido destacados às escolas.

O atraso no pagamento do terço de férias e da rescisão dos 29 mil professores PSS que lecionaram no ano passado também é ponto de discórdia. Essa dívida, segundo a Seed, deve ser paga apenas no fim deste mês.

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Manifestações

Mobilização foi forte também no interior

As medidas do governo que afetam a educação estadual também provocaram manifestações no interior do Paraná. Em Londrina, Foz do Iguaçu e Cascavel, professores e funcionários foram às ruas, em protestos maciços. Houve interdições de ruas e pressão sobre deputados.

Em Foz, mais de mil pessoas se aglomeraram em frente ao Núcleo de Educação. De lá, a multidão partiu em marcha pelo centro da cidade. Segundo a APP-Sindicato, nenhuma das 31 escolas estaduais da cidade funcionou ontem. "Tivemos muitos pais buscando por informação, mas a maioria estava ciente da greve. O que nos surpreendeu positivamente foi o apoio de todos", disse o presidente local da APP-Sindicato, Fabiano Severiano.

Em Cascavel, o protesto se desenrolou embalado por paródias de marchinhas de carnaval. Além disso, os professores divulgaram o número de celular de deputados. "Acreditamos que o número de telefone do deputado tem de ser público, ele tem de atender a população que votou nele", explicou o Daniel Matoso, do núcleo regional da APP-Sindicato.

Em Londrina, uma das manifestações ocorreu em frente ao Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Professora Maria do Rosário Castaldi. Professores e alunos que participaram do ato chegaram a interditar a Avenida Arthur Thomas, em frente à escola.

Em frente ao HU , os servidores da UEL também protestaram.

Colaboraram Luiz Carlos da Cruz, Dani Valente e Fábio Calsavara, do JL

Professora Paulla Helena Silva de Carvalho, na Alep. Sofrimento representa a apreensão da categoria
Em Londrina, servidores da UEL também protestaram contra as medidas do governo estadual
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Professores e funcionários da rede estadual de ensino entram no segundo dia de greve com uma promessa: de engrossar ainda mais as manifestações contra o "pacotaço" enviado pelo governador Beto Richa (PSDB) à Assembleia Legislativa e que será votado hoje. Para isso, a categoria planeja reunir 30 mil pessoas no Centro Cívico, em Curitiba. Mais de cem ônibus devem trazer à capital educadores de todas as regiões do Paraná.

VÍDEO: Veja como foi a manifestação dos professores na ALEP

"Será um dia histórico e decisivo. Vamos fazer de tudo para impedir a aprovação do 'pacotaço', porque, se ele for aprovado, vai destruir a carreira dos servidores estaduais. Vai jogar no lixo direitos de toda a categoria", disse Luiz Fernando Rodrigues, diretor de comunicação da APP-Sindicato.

Ontem, os professores já deram mostras de quanto barulho podem fazer. Reuniram mais de cinco mil pessoas em frente à Assembleia. A todo instante, a multidão entoava palavras de ordem – "Beto caloteiro" foi a preferida dos manifestantes.

A mobilização provocou uma reação. Deputados estaduais sentiram a pressão e retiraram do "pacotaço" três pontos: o fim do quinquênio; a mudança na regra para progressão na carreira; e alterações no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). O recuo, no entanto, não apaziguou o ânimo dos professores.

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"Isso não basta. Se o 'pacotaço' for aprovado vai acirrar ainda mais o estado em que os servidores se encontram e vamos viver uma mobilização sem precedentes no Paraná", assegura Rodrigues.

Com a multidão que se formou diante da Assembleia, logo pela manhã os portões da Casa foram fechados. À tarde, um grupo de educadores conseguiu liberação para assistir a sessão e cerca de 130 deles conseguiram acompanhar os debates. Emocionada, Paulla Helena Silva de Carvalho, diretora do Colégio Estadual Santa Gemma, chegou a chorar. "É duro, mas no final a gente tenta manter as esperanças", disse.

Contudo, a esperança virou revolta quando o líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), apresentou um requerimento pedindo que o plenário seja transformado em "comissão geral" na sessão de hoje. Conhecida como "tratoraço", a manobra permite votações a toque de caixa, sem que os projetos passem pelas comissões.

Além do "pacotaço"

A briga dos educadores vai além das medidas de austeridade do governo. Segundo o sindicato, se outras reivindicações não forem atendidas, as escolas estaduais não têm condições de iniciar as aulas. Por isso, ainda que o "pacotaço" não seja aprovado, a greve deve continuar. "As escolas sofreram cortes de funcionários e faltam professores. Além disso, houve a extinção de projetos e de turmas", observou a secretária da APP-Sindicato, Marlei Fernandes.

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Outras três categorias prometem parar

Os professores da rede estadual não vão ficar sozinhos nas manifestações contra o "pacotaço" proposto pelo governo. Outros 13 sindicatos de servidores preparam ou já realizaram assembleias com o objetivo de deflagrar greve. Entre as categorias que devem parar estão os servidores da saúde, os professores e funcionários de todas as universidades estaduais e os agentes penitenciários.

Nas universidades, a paralisação deve começar antes mesmo do início do ano letivo. Na próxima quinta-feira, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) deve referendar a greve, cujo indicativo foi aprovado ontem. As universidades de Ponta Grossa (UEPG), de Maringá (UEM), de Apucarana (Unespar) e do Norte Pioneiro (UENP), além da Unicentro, também promovem, nesta semana, suas respectivas assembleias para definir a paralisação.

"Uma greve antes do começo das aulas é uma coisa que nunca aconteceu na história das universidades estaduais do Paraná. Está se anunciando uma greve geral sem precedentes", disse o professor Renato Lima Barbosa, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e Região (Sindiprol).

Na saúde, a greve foi aprovada em assembleia realizada no sábado. A paralisação começa na próxima quinta-feira. Além de manter pressão em frente à Assembleia Legislativa, os servidores também devem se manifestar em frente à Secretaria de Estado da Saúde.

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Hoje pela manhã, os agentes penitenciários votam a deflagração de uma greve, o que afetaria o funcionamento dos presídios do estado. "Nós entendemos a necessidade de medidas de austeridade, mas isso não pode afetar as conquistas históricas dos servidores. A categoria está indignada. Greve não é bom para ninguém, mas, em alguns casos, é a única solução", definiu Antony Johnson, presidente do sindicato dos agentes (Sindarspen).