Marisa Monte no palco do Teatro Guaíra, em Curitiba, em abril de 2006| Foto: Pedro Serápio - Arquivo GP

Pesquisa mostra perfil do jovem usuário

Dados da mais recente pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostram que em Curitiba 10,8% dos jovens entre 10 e 12 anos pesquisados já usaram algum tipo de droga ilícita. O índice aumenta para os jovens acima dos 18 anos, dos quais 36,3% já fizeram uso da maconha. O total estimado de estudantes que já consumiram drogas das redes municipal e estadual de ensino foi de 22,3%.

Para chegar a estes números, que datam de 2004, a mostra pesquisou 1,8 mil estudantes curitibanos da rede pública de ensino, dos quais 41,8% pertencem às classes sociais A ou B. A pesquisa também mostrou que os que nunca usaram drogas faltaram menos às aulas que os que já fizeram uso de algum entorpecente.

Dentre as ações para o combate e prevenção ao uso de drogas na capital, estão a criação do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Comped), que fiscaliza ações voltadas à redução do uso de drogas, o Programa Comunidade Escola e a presença da Guarda Municipal nas escolas de Curitiba em trabalho de parceria com o programa Patrulha Escolar do governo estadual. Também foram elaborados materiais sobre o tema, como guias de prevenção.

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A quantidade de drogas apreendidas em áreas escolares no Paraná neste ano já supera o que foi recolhido durante todo o ano de 2006 pelo programa Narcodenúncia da Polícia Militar. Neste ano, até o dia 14 deste mês, os policiais apreenderam 127 pedras de crack e 2,73 quilos de maconha nas escolas e áreas próximas, em uma distância de até 100 metros. Em 2006, foram retiradas 47 pedras de crack (quase três vezes menos do que neste ano) e 1,49 quilo de maconha.

Os números aumentam anualmente e trazem apreensão à sociedade durante a semana do Dia Nacional para Combate ao Tráfico de Drogas. Em 2005, por exemplo, foram localizadas 13 pedras de crack e a quantidade maconha não chegou a 1 quilo (87 gramas) nas áreas escolares.

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Para o tenente-coronel Jorge Costa Filho, coordenador estadual do Narcodenúncia, porém, o tráfico de drogas entre os jovens não acontece nas escolas. "Droga em colégio sempre teve e vai ter. Não é o colégio que vai fazer com que a criança fique viciada, mas o ritmo de vida que ela leva", afirma. Ele diz ainda que não há motivo para o apreensão, pois o volume de drogas no interior das escolas "ainda é considerado aceitável", em comparação com as apreensões realizadas. Neste ano foram recolhidas no estado 453,1 mil pedras de crack e 41,1 toneladas de maconha.

A autora do livro As emoções e a escola, Denise de Camargo, acredita que o aumento no consumo de drogas vai ser refletir na escola. "A escola é uma instituição que está inserida na sociedade e reproduz os valores, costumes e comportamentos dessa sociedade", afirma.

A professora doutora em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Araci Asinelli da Luz, destaca o crescimento na apreensão de crack em relação à maconha. "A maconha é uma droga depressora do sistema nervoso central e o crack estimulante. No jovem dá a idéia de poder. Essa sensação de poder pode potencializar o crime", diz. Para ela, os números mostram o fracasso das relações familiares e a ineficiência de políticas públicas, com exceção de uma: o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), método pelo qual os policiais fazem trabalhos lúdicos com os jovens. O projeto começou a ser aplicado em 2000 no Paraná e conta hoje com 160 instrutores.