Brasília Encerrada uma das piores legislaturas da história da República, os parlamentares recém-empossados na Câmara dos Deputados dão mostras de que deles não se pode esperar grandes avanços. Trocas de partido antes mesmo de iniciado o mandato, formação de blocos partidários apenas para garantir mais cargos na cúpula congressual e uma eleição de presidente da Câmara marcada por denúncias de conchavos sugerem que pouca coisa vai mudar.
Um dos fatores que retardam a melhoria das rotinas do Congresso é o alto grau de indiferença às críticas desenvolvido por boa parte dos parlamentares. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, os coordenadores políticos do Planalto, sob a batuta do então ministro José Dirceu, promoveram um grandioso movimento de trocas partidárias, tornando mais robustas as bancadas de partidos aliados como PTB e PL (hoje rebatizado como PR). Todo o noticiário negativo e as nefastas conseqüências políticas, com destaque para o escândalo do mensalão, foram insuficientes para eliminar a prática. Na legislatura passada, 195 deputados trocaram de legenda.
Fenômeno
Desta vez, o fenômeno se repetiu, até agora, em dimensões menores, mas mesmo assim é de notar que, no curto espaço de tempo entre as eleições de outubro e a posse na última quinta-feira, 19 deputados mudaram de partido, a maioria em direção a legendas governistas. No Senado, onde mudanças desse tipo são sempre mais raras, dois parlamentares eleitos há apenas quatro meses já se bandearam para outras siglas. Expedito Júnior (RO) deixou o PPS e foi para o PR. O ex-presidente Fernando Collor (AL), agora eleito senador, trocou o PRTB pelo PTB.
Na ânsia de obter os melhores cargos no comando da Câmara e do Senado, os partidos travaram uma corrida para se aglutinar em blocos partidários. Quanto maior o bloco, mais atraentes são os postos a que se tem direito. Em alguns casos, forjaram-se alianças de partidos sem grande afinidade, mas isso não parece ser um problema, pois tais acertos não foram feitos para durar.