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Saúde

Trombose é desconhecida por metade dos brasileiros

Aparelho de radiologia vascular: exame detecta obstrução em veias humanas | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Aparelho de radiologia vascular: exame detecta obstrução em veias humanas (Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo)

A trombose, doença que atingiu 5.398 pacientes em 2009, matando 1.098, é desconhecida por 44% da população. Os nú­­meros são de uma pesquisa realizada pelo Ibope com 1.008 brasileiros em todas as regiões do país e divulgada em São Pau­­lo ontem. Encomendado pela Sociedade Brasileira de Angio­­logia e Cirurgia Vascular (SBACV), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), com o apoio do laboratório farmacêutico Sanofi-Aventis, o levantamento mostra ainda que 8% nunca ouviram falar da doença. Outros 36% já conheciam o termo, mas não sabiam do que se tratava.

A trombose, também chamada de Trombose Venosa Profunda (TVP), é a obstrução de uma ou mais veias profundas do corpo, causada por um coágulo que impede que o sangue venoso, rico em gás carbônico, volte para o pulmão, onde será oxigenado. Na maior parte dos casos, a trombose localiza-se nas veias da perna e causa inchaço e dores localizadas. Em 10%, no entanto, o coágulo se desloca pelo corpo e chega aos pulmões, onde causa embolia pulmonar (insuficiência respiratória, ou EP), levando cerca de um quinto dos pacientes à morte instantânea. Nesses casos, há o quadro de Trom­boembolismo Venoso (TEV), que é a junção das duas doenças. O desconhecimento da população em relação à EP é ainda maior: 78% dos entrevistados.

Doença silenciosa

De acordo com a professora do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário Professor Edgar Santos, em Salvador (BA), Ana Thereza Rocha, o desconhecimento dos sintomas e da prevenção é grave porque apenas 20% dos casos apresentam sintomas. "É uma doença silenciosa e traiçoeira. Em 80% dos casos, a pessoa não sente dor, mas a doença está ocorrendo." Além da falta de informação da população, Ana Thereza aponta outro fator que ajuda a aumentar os números da doença: os profissionais de saúde ainda não estão preparados para diagnosticar os casos.

Atualmente, a embolia pulmonar é a causa mais comum de morte hospitalar evitável, mas muitos médicos, no momento da internação, não perguntam ao paciente se ele se encaixa em algum fator de risco, como fumar, usar pílula anticoncepcional, ter histórico da doença na família ou trombose anterior. A internação em si também é um fator de risco, já que a pessoa passa muito tempo deitada, o que compromete a circulação do sangue. "Pacientes que fizeram cirurgias que exigem muito tempo de repouso têm mais chances de ter a doença. Isso ocorre porque o retorno venoso se dá principalmente em função da musculatura da panturrilha. Se não andamos, não ativamos essa musculatura e o sangue não sobe", explica o angiologista do Hospital das Nações, Maurício Abrão.

"É raro uma pessoa estar [internada] em um hospital e não ter um outro fator de risco. A profilaxia tem de ser rotina nos hospitais. É preciso que cada hospital tenha um comitê de prevenção da trombose, assim como há os comitês de prevenção de infecções hospitalares", complementa Ana Thereza, que também coordena o programa TEV Saftey Zone no Brasil, patrocinado pela Sanofi-Aventis com o intuito de diminuir os casos de trombose e embolia pulmonar após as internações hospitalares.

Óbitos no Sul

A pesquisa do Ibope também apontou que a Região Sul figura em segundo lugar no número de óbitos, internações e gastos com tratamento, atrás apenas da Região Sudeste. Entre 2008 e no ano passado, de acordo com informações repassadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os três estados sulistas tiveram mais de 21 mil internações na rede pública, com gastos da ordem de mais de R$ 10 milhões. Foram registradas, no mesmo período, 1.120 mortes. Para o presidente da SBACV, Guilherme Pitta, a possível explicação para os números se dá pela excelência do sistema hospitalar da região. "No Sul, há hospitais universitários excelentes, nos quais o tratamento está mais avançado. A notificação nesses locais também é maior. Muitas pessoas de outras regiões também vão para o Sul e o Sudeste em busca de tratamento, o que faz com que os casos ali tratados e diagnosticados aumentem."

A jornalista viajou a convite da Sanofi-Aventis

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