Tenho convicção de que a Operação Lava Jato entrou porta adentro do Palácio do Planalto e se instalou no gabinete da presidência.
A oposição no Congresso Nacional se reorganiza novamente na tentativa de dar força ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Já anunciou que a partir de segunda-feira (7) vão obstruir a pauta de votações até que a comissão especial do impeachment seja instalada. A última fase da Lava Jato, com foco no ex-presidente Lula, é o terceiro episódio, em menos de 15 dias, que provoca ebulição em Brasília. Antes disso, entre o fim de dezembro até início de fevereiro, a própria oposição já admitia um esmorecimento do impeachment.
A oposição reconhece agora que os três episódios – todos ligados à Lava Jato – dão novo fôlego à tentativa de tirar o mandato de Dilma, mas são unânimes em sinalizar que é a delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) o fato com mais potencial para dar ânimo ao processo que tramita na Câmara.
No dia 23, o pedido de prisão do marqueteiro do PT João Santana – e a possibilidade de uso de dinheiro ilícito na campanha de Dilma – fez com que a oposição alimentasse a cassação via Justiça Eleitoral. A pedido do PSDB, já tramitam quatro representações no Tribunal Superior Eleitoral que sustentam que houve abuso de poder político e econômico na campanha eleitoral de 2014 do PT.
Da última fase da Lava Jato, os opositores admitem nos bastidores esperar dois desdobramentos. Eles dizem acreditar que a operação com foco em Lula turbina as manifestações marcadas para o dia 13; além disso, aguardam o aprofundamento das investigações, a partir do material colhido, na expectativa de fatos que possam se conectar ao Planalto.
“Esta operação não tem nada a ver com a presidente Dilma”, diz o líder do PT na Câmara, Afonso Florence. “Esta questão que envolve o ex-presidente Lula deverá ser resolvida no foro adequado, que são os tribunais, a Justiça. Esta não é uma questão eminentemente política. É uma questão de polícia”, diz o senador Aécio Neves (PSDB).
Já a delação de Delcídio alimentou, na avaliação de opositores, o processo de impeachment na Câmara. Em depoimento, o senador teria acusado Dilma de negociar a nomeação de um ministro no Superior Tribunal de Justiça. Na terça (8), o fato será “aditado” pela oposição ao pedido de impeachment. A oposição também fará uma solicitação para ter acesso a imagens do Palácio do Planalto que foram citadas por Delcídio.
“A alternativa mais curta, pelos trâmites previstos, seria o impeachment. Agora, o impeachment passa pelo número chamado ‘342’ votos de deputados, autorizando a abertura do processo. Esse número já existe? Acho que hoje não. É preciso que as evidências construam esse número”, diz José Agripino Maia, presidente do DEM.
Esse ato [convocar a militância] revela pouca sensibilidade de dirigentes petistas. Esta questão não será resolvida no braço, nas ruas, será resolvida nos tribunais.
Precisamos encontrar, dentro da Constituição, uma saída o quanto antes. Seja através de um impeachment, seja através da cassação da chapa pelo TSE, mas o quanto antes.
A operação vai resultar em evidências. Ninguém faz uma operação dessas sem
que haja consequências.
O impeachment perdeu toda a densidade política, não tem densidade jurídica, então se busca fato para sustentar uma disputa política prolongada em cima da crise. A oposição se beneficia disso, porque não tem lastro social, eleitoral. Perdeu a eleição e é contra o programa de melhoria da qualidade de vida do povo.
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