Um trote realizado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na sexta-feira gerou protestos ontem nas redes sociais. A universidade considerou o ato "racista". As discussões começaram depois que duas fotos foram parar na internet. Uma delas mostra um estudante veterano segurando uma corrente pela qual está presa uma moça com o corpo pintado de preto. Em cartaz preso ao pescoço dela se lê: "Caloura Chica da Silva".
Chica da Silva foi escrava no período do ciclo do ouro, em Diamantina (MG). Era mulher do contratador português João Fernandes. A outra fotografia mostra um rapaz amarrado com fitas em pilastra, com o rosto pintado e bigode ao estilo do ditador nazista Adolf Hitler. Com ele, três supostos estudantes com braços estendidos fazem a saudação nazista.
"A fotografia nos chocou a todos [na reitoria da UFMG], principalmente pelo conteúdo racista do trote", afirmou à reportagem a vice-reitora Rocksane Norton. Segundo ela, a Reitoria da universidade determinou abertura de processo administrativo disciplinar para apurar os "abusos" e determinar eventuais punições, já que o trote é proibido. A vice-reitora disse ainda que no dia 8 todos os estudantes da universidade receberam alertas nos e-mails sobre a proibição dos trotes.
No final da tarde de ontem, uma nota de repúdio intitulada "Trote Não é Legal" foi divulgada pela universidade e também postada na página da UFMG no Facebook. Assinam a nota a vice-reitora e o reitor Clélio Diniz. Eles repudiam os "atos de violência, opressão, constrangimento ou equivalentes, praticados contra membros da comunidade universitária", em particular os trotes "aos novos estudantes".
Após aberto o processo administrativo disciplinar, a universidade tem até 30 dias para investigar o caso. Os envolvidos podem receber punições que vão de advertência até a expulsão. Até a conclusão desta edição, nenhum estudante que aparece nas fotos havia sido identificado pela UFMG. Isso será feito pela direção da Faculdade de Direito.
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