"A gente achava que tsunami só acontecia na Ásia, mas veja isso", dizia ontem o aposentado Teodoro Vergílio de Almeda, de 74 anos, com barro até o joelho, na porta da casa da filha, em Itaoca, a 343 km de São Paulo. Ao redor deles, móveis, colchões, roupas e utensílios se misturavam a montes de troncos, galhos e pedras sobre o que antes era uma rua. Até o fim da tarde, os bombeiros tinham encontrado os corpos de 12 das 20 prováveis vítimas da tragédia.
Uma tromba dágua atingiu a zona rural, entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira e fez com que as águas do Rio Palmital, que corta a cidade, descessem como uma avalanche, arrancando árvores, pedras, pontes e arrastando pontes, casas, carros e gente. "Ouvi barulho de pedras batendo, árvores quebrando e a luz apagou. Quando saí para ver meu carro, vi só o capô brilhar no escuro, no meio do redemoinho", contou Jean Carlos dos Santos, de 28 anos. Quando amanheceu, ele achou o carro a trezentos metros, sobre uma pilha de troncos.
Já a lavadeira Maria Aparecida Mota, de 60 anos, acordou com uma onda invadindo o quarto. Ela se lembra que saiu com água quase no pescoço e viu o sobrinho Fernando ser atingido no peito por um tronco como um aríete. Ele puxava o pai e a irmã pelos braços para fora da correnteza quando foi atingido.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que esteve na cidade, anunciou a reconstrução das duas pontes destruídas e a construção de 90 casas para as famílias que perderam imóveis, além de um benefício social de R$ 300 durante seis meses e R$ 1 mil por família para a compra de materiais de construção.