Controle
Campanha usa mesmo material de presídios
Ontem, o Ministério da Saúde lançou uma campanha para alertar a população sobre o principal sintoma da tuberculose, a tosse por mais de três semanas. A intenção é garantir que a população procure o diagnóstico precoce, seja em instituições públicas ou privadas de saúde.
A campanha traz material destinado aos profissionais de saúde que atuam no sistema penitenciário adotado em razão do grande número de casos entre os presos.
A incidência chega a ser 25 vezes maior do que a verificada entre a população em geral, que é de 37,99 casos para cada 100 mil habitantes.
A insalubridade e a superlotação de celas, de acordo com o ministério, agravam a situação da doença nos presídios. No Brasil, há quase meio milhão de pessoas encarceradas em 1.795 unidades prisionais.
Tratamento
O tratamento para a tuberculose, no Sistema Único de Saúde (SUS), dura seis meses. Quando feito sem interrupções, o paciente deixa de transmitir a doença logo nas primeiras semanas e fica completamente curado.
Em 2008, o percentual de cura foi de aproximadamente 73%. A meta do Programa Nacional de Controle da Tuberculose é chegar a 85%, conforme o recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Apesar da redução recente do número de casos, o Brasil continua presente na lista dos 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo. Atualmente, o país ocupa o 19.º lugar. A situação já foi pior. Em 2003, o Brasil ocupava a 15.ª posição. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde (MS) registram uma queda de 73.673 para 70.601 de novas infecções, entre 2008 e 2010. Entretanto, a doença ainda mata cerca de 4,7 mil pessoas todos os anos no Brasil, conforme dados do Fundo Global Tuberculose Brasil, que preparou ações em todo o país para marcar o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, lembrado ontem.
A tuberculose é uma doença passível de ser prevenida, tratada e mesmo curada. O maior desafio, segundo o fundo, é a mobilização social a partir de uma agenda comum, capaz de alertar e orientar a população sobre os riscos da doença, os sintomas, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento.
Para reduzir o número de casos, o essencial é ampliar o diagnóstico precoce da doença e garantir que pacientes sigam o tratamento indicado até o fim, segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa. "Quando o paciente faz tratamento sem interrupção, o paciente é curado", afirma.
Sintomas
De acordo com o MS, os sinais e sintomas mais frequentes são tosse seca e contínua, no início, com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se em uma tosse com pus ou sangue. O doente ainda pode apresentar cansaço excessivo, febre baixa (geralmente no período da tarde), sudorese noturna, falta de apetite, palidez, emagrecimento acentuado, rouquidão, fraqueza e prostração.
Alguns pacientes, entretanto, não exibem nenhum indício da doença, enquanto outros apresentam sintomas aparentemente simples, ignorados durante alguns meses ou mesmo anos. "A tuberculose é uma doença comum. Se um agente de saúde, numa cidade como Rio de Janeiro ou Recife fica muito tempo sem identificar um paciente, algo está errado", considera Barbosa.
A transmissão da tuberculose é direta, de pessoa a pessoa. O doente expele ao falar, espirrar ou tossir pequenas gotas de saliva que podem ser aspiradas por outro indivíduo. Para prevenir a tuberculose é necessário imunizar crianças de até 4 anos sobretudo as menores de 1 ano com a vacina BCG. A prevenção inclui ainda evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados.
Dia Mundial
O Dia Mundial de Combate à Tuberculose foi criado em 1982 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em homenagem aos 100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador da tuberculose. A doença infectocontagiosa afeta principalmente os pulmões, mas também pode ser identificada em órgãos como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).Metas ainda estão longe de serem atingidas
A tuberculose é a terceira causa de mortes por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com aids no Brasil. Um levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Saúde aponta que a redução do número de casos atingindo 70.601 registros em 2010 fez com que a incidência da doença (número de pacientes por 100 mil habitantes) chegasse a 37,99 (contra 38,82 em 2008).
Número ainda distante da meta prevista no Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, que é chegar em 28 casos por 100 mil habitantes até 2015. "Podemos alcançar essa meta, mas é preciso mais", afirma o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa. As novas metas foram baseadas em registros de 1990, que devem ser reduzidos pela metade.
Há duas décadas, a incidência da doença era de 56 casos para cada 100 mil habitantes e a mortalidade, de 3,6. Até 2015, a mortalidade deve chegar a 1,8. Os dados mostram que, atualmente, as maiores incidências da doença estão concentradas nos Estados do Rio de Janeiro(71,8 por 100 mil habitantes), Amazonas (69,2 por 100 mil), Pernambuco (47,5 por 100 mil), Pará (46,2 por 100 mil) e Rio Grande do Sul (45,3 por 100 mil).
Expectativa
A doença ainda representa um dos principais problemas de saúde pública no país. O Ministério da Saúde prevê que será possível alcançar a meta de diminuição da mortalidade por tuberculose dentro do prazo estipulado. A queda na incidência da doença vai exigir, no entanto, um aumento no ritmo de diminuição dos casos.
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