São Francisco do Sul – Aquele que já foi um dos mais influentes políticos do Paraná, hoje vive refugiado em outro estado. Vestido com a mesma simplicidade de seus funcionários e sem conseguir esconder a surpresa, o ex-deputado federal Basílio Villani (PSDB) recebeu a equipe da Gazeta do Povo na chácara, em São Francisco do Sul, litoral de Santa Catarina, onde mora desde 2002, quando problemas cardíacos o afastaram da política. Como ele mesmo reconhece, estava escondido e quieto lá até que uma avalanche de denúncias o trouxe novamente à tona. Ele foi acusado pelo empresário Darci Vedoin, a quem chamou de amigo, de ter sido o maior intermediário da liberação de emendas parlamentares para compra de ambulâncias no Paraná.

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Villani nega ter recebido qualquer benefício financeiro, direto ou indireto, pelas emendas que apresentou. Mas admite que indicava a empresa de Vedoin para as prefeituras, argumentando que não há nada de imoral ou ilegal nisso, desde que o preço fosse coerente. Em entrevista, disse não recordar, mas não descarta ter mesmo enviado um fax com os nomes das empresas para a prefeitura de Sapopema. Gazeta do Povo – O empresário Darci Vedoin chegou a propor algum negócio para o senhor?Basílio Villani – As coisas mudaram de um mandato para o outro. É outro modus operandi. No outro mandato, fazia-se emenda e pronto. A gente dizia para o prefeito: olha, o homem é "bão". Se faz um serviço bom e correto, você não vai indicar? Claro. O que é que mudou?Virou uma capitania hereditária. Em cada estado só ganhava a empresa do lugar. Aí criaram o negócio da carta-convite. Onde que está o erro aí? No superfaturamento. Nós pagamos impostos para o vagabundo comprar uma coisa mais barata e não a mais caro. Mas então por que envolveram o seu nome nessa história?Fui presidente do PSDB, fui diretor de banco. Resultado: o PT arma esse circo para sair do foco. Mas o senhor não fez nenhum esforço para se defender.Quanto mais fala, pior é. O povo ouve e diz "esse aí deve ser corrupto mesmo". Depois do que o Lula aprontou, de criar gangues. Eu fugi, eu estou escondido. Sabe por quê? Porque vai para um segundo mandato e só tira na bala. Nós vamos ter uma ditadura de esquerda. Por que o envolveram nisso?Envolveram porque, primeiro, são uns ignorantes. Eu fui o deputado que mais atendia os prefeitos. Eu cansei de ajudar prefeito, pra depois ficar mordendo, a maioria desonestos. E daí chega a hora da eleição, você vai lá e eles te chamam para conversar sobre política. E pedem. O fulano passou aí e ofereceu tanto. O outro cara ofereceu tanto. Mas para o senhor que é nosso amigo, um pouquinho mais. Não pensa que algum assessor seu pode ter usado o seu nome?Isso é coisa de deputado vagabundo, de deputado sem qualidade, que fica jogando a culpa nos coitados.