• Carregando...

Apesar de ser uma situação antiga e que não arrefeceu ao longo dos anos, a disputa de terras na região de Cascavel estava dentro de padrões controláveis, segundo fontes consultadas pela Gazeta do Povo. No ano passado, com uma série de decisões judiciais apontando que pertenciam à União as terras usadas por uma madeireira e indústria de papel, a Araupel, as dúvidas sobre os rumos da questão fundiária voltaram a se acirrar. Vários lados passaram a agir como donos da razão. “A situação só vai se resolver quando a Justiça tomar uma posição definitiva”, avalia Hamilton Serighelli, assessor especial para assuntos fundiários do governo do Paraná.

O estado vivia uma fase de relativa calmaria, sem nenhuma morte em conflito agrário desde 2009 –de acordo com dados da Ouvidoria Agrária Nacional (já o levantamento da Comissão Pastoral da Terra, com base em critérios diferentes, considera a média de uma morte por ano no estado na última década). Mas mesmo com a insegurança jurídica em volta do assunto, o embate não ultrapassava a casa dos protestos e discussões. Contudo, considerando o número de pessoas envolvidas nos dois fronts, a Força Nacional de Segurança foi “convidada”, a pedido do governador Beto Richa, a reforçar o policiamento na região em dezembro de 2015.Mas o aparato federal foi retirado no mês passado. No início de abril, o recém-empossado secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, esteve na região para ouvir lideranças locais e anunciar que o governo estadual decidiu aumentar , em 100 policiais, o efetivo. A atitude foi vista pelos acampados como “uma preparação para o pior”.

Ainda não se sabe exatamente o que ocorreu na tarde de quinta-feira (7). Há uma guerra de versões, com sem-terra e policiais apontando motivos opostos que teriam culminado com a mortes dos dois trabalhadores. As histórias batem, entretanto, em um ponto. Ambos os lados foram surpreendidos com o que havia “depois de uma curva”, numa estrada dentro do acampamento de Quedas do Iguaçu. A reação abrupta, em resposta à surpresa, não explica o que aconteceu, mas é um indicativo de que os nervos à flor da pele levaram a situações extremas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]