Brasília O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), deve propor uma acareação entre o usineiro João Lyra e Tito Uchôa apontado como laranja do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para apurar as denúncias de que o peemedebista teria usado terceiros na compra de um grupo de comunicação em Alagoas. Em carta encaminhada ao corregedor, Uchôa se mostrou disposto a participar da acareação e prestar esclarecimentos ao Conselho de Ética do Senado.
"A acareação é necessária. É uma situação delicada, que tem de haver esclarecimento", disse Tuma.O corregedor está em Maceió (AL), onde ouviu os depoimentos de Lyra e Luiz Carlos Barreto, que foi diretor-executivo do jornal adquirido supostamente pelo usineiro e por Renan. Depois de ouvir na manhã de ontem o depoimento de Barreto, Tuma afirmou por telefone que está "mais delicada" a situação de Renan.
Segundo o corregedor, Barreto não apresentou provas, mas fez uma série de acusações que "comprometem" o presidente do Senado. Tuma disse ainda que recebeu documentos e recibos repassados por Lyra, nos quais existiriam comprovações de assinaturas de Uchôa. O corregedor ainda não analisou o material.
Barreto manteve a versão de Lyra sobre a participação de Renan na sociedade oculta, com o uso de laranjas na compra do grupo de comunicação. O ex-diretor do jornal disse que houve uma reunião entre Lyra, Renan e o empresário Nazário Pimentel que teria vendido as empresas para o senador ao lado do próprio Barreto para definir a participação de cada um dos sócios no negócio.
Na carta encaminhada ao corregedor, o empresário afirma que tomou conhecimento pela imprensa das "descabidas acusações" feitas por Lyra envolvendo o seu nome. O usineiro afirma que Uchôa e Carlos Santa Ritta foram usados por Renan como laranjas na compra do grupo de comunicação.
O presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), deixou para a próxima terça-feira a escolha do relator para o novo processo contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Quintanilha ainda não procurou integrantes do conselho para assumirem a função, mas admite nos bastidores que poderá enfrentar dificuldades na escolha de um nome.
O novo processo se refere à denúncia de que o presidente do Senado teria usado laranjas para a compra de um grupo de comunicação em Alagoas
No primeiro processo, o senador é acusado de ter usado recursos da empreiteira Mendes Júnior para o pagamento de pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. No segundo processo, Renan é acusado de ter beneficiado a Schincariol no INSS para reverter uma dívida de R$ 100 milhões da empresa, depois que a cervejaria comprou uma fábrica de seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), por preço acima do mercado.
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