A reunião do Conselho Universitário (COUN) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que definiria se o reitor licenciado Carlos Augusto Moreira Júnior o mais votado na consulta feita à comunidade universitária no último dia 23 encabeçaria a lista tríplice a ser enviada ao Ministério da Educação, teve de ser adiada para amanhã.
Um confronto entre estudantes que tentavam forçar a entrada na reunião liderados por membros do Diretório Central dos Estudantes (DCE) simpáticos à candidatura de Francisco de Assis Marques, partidários de Moreira Júnior e seguranças da universidade inviabilizou os trabalhos. O pedido de abertura de sindicância, feito pela Comissão Eleitoral com base em denúncias de irregularidades feitas pelas três chapas, sequer foi discutido.
Diante do empurra-empurra e da ameaça de invasão do prédio, a Polícia Federal foi convocada pela reitora em exercício, Maria Tarcisa Silva Bega, e teve trabalho para conter os alunos. Eles arrombaram a porta de acesso à central telefônica, no segundo andar do edifício Dom Pedro II da Reitoria, que tem comunicação com a sala onde estava reunido o COUN, e tentaram participar da assembléia à força.
Quando enfim conseguiram derrubar a porta que separava a central telefônica do local da reunião, os estudantes se depararam com policiais federais que aguardavam do outro lado. Eles estavam armados e usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes. Houve tumulto e correria mas, tirando os olhos irritados pelo spray, ninguém ficou ferido.
Revolta
"Os estudantes têm direito pelo estatuto a participar dessa reunião do conselho, por isso resolvemos entrar de qualquer jeito", explicou um dos representantes dos alunos, Bernardo Pilotto. "E a Reitoria dá mais uma prova de intransigência ao chamar a Polícia Federal para impedir a nossa participação." Por meio da assessoria, a reitora em exercício explicou que regimentalmente cabe ao COUN decidir se suas reuniões serão abertas ou fechadas. "A proposta foi colocada em votação pela vice-reitora e o placar foi 40 a 12 pela manutenção da reunião a portas fechadas", contou.
Entretanto, como os estudantes continuavam dispostos a enfrentar a Polícia Federal, que disse não ter condições de garantir a segurança do local e das pessoas sem a ajuda da Polícia Militar, Maria Tarcisa achou por bem suspender a reunião, que inicialmente seria retomada às 14 horas.
Depois de conversar com representantes dos alunos, porém, ela decidiu retomar os trabalhos apenas amanhã e sem a composição do colégio eleitoral, que definiria a lista tríplice. "A reunião do colégio eleitoral está interrompida. Vamos fazer uma reunião apenas do Conselho Universitário, que abriu mão da confecção da lista tríplice para as entidades representativas da comunidade acadêmica", explicou Maria Tarcisa. "A Comissão Eleitoral foi convocada e dará todas as explicações sobre o seu trabalho aos conselheiros. Do resultado dessa reunião é que será decidida a abertura ou não de sindicância e quando serão retomados os trabalhos do colégio eleitoral, que pode ser chamado a qualquer momento."
Como essa era uma das reivindicações do estudantes, a reitora em exercício acredita que o clima amanhã será bem menos tenso. "Não acredito que haja manifestações como as de hoje. Todos estão imbuídos da manutenção do bem maior, que é a universidade. Portanto não deve haver nenhum ato violento, mas me cabe garantir as condições para viabilizar essa reunião."
Os estudantes que participaram da manifestação encararam a decisão como uma vitória. "A pressão deu resultado. Agora esperamos que as denúncias sejam apuradas e a sindicância instaurada antes que se homologue a lista tríplice", resumiu o estudante de Economia Bento José Ferreira.