Na terça-feira (24), a Turquia derrubou um avião russo perto da fronteira com a Síria, porque a aeronave teria invadido o espaço aéreo sem permissão. Em reação, presidente russo Vladimir Putin disse que o ataque foi uma punhalada nas costas e que haverá sérias consequências para a relação de Moscou com Ancara. “Ao invés de entrar em contato conosco imediatamente, até onde sabemos, o lado turco imediatamente se virou para seus aliados da Otan [aliança militar ocidental da qual a Turquia faz parte], como se nós tivéssemos derrubado seu avião e não o contrário”, disse Putin, durante uma visita ao rei jordiano, Abdullah 2.º e se referindo a uma reunião de emergência que a Otan convocou ainda na terça para discutir o assunto.
Em nota, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que o alvo foi um avião SU-24 que voava a 6 mil metros de altitude. O governo russo negou a versão de que tenha entrado na área turca. “Durante todo o tempo de voo, o avião estava voando somente dentro das fronteiras do território sírio”, declarou.
A versão oficial russa contraria a narrativa do Exército da Turquia, que afirmou ter alertado o avião dez vezes em um período de cinco minutos sobre a violação do espaço aéreo antes de abatê-lo.
Segundo o ministério, dados preliminares apontam que os dois pilotos do caça conseguirem se ejetar antes da queda, mas a situação deles ainda é indefinida.
Contexto perigoso
O episódio pode agravar ainda mais a crise na região. Forças russas atuam desde 30 de setembro na Síria em aliança com o ditador Bashar al-Assad para combater a facção extremista Estado Islâmico. Uma coalizão internacional, formada por França e Estados Unidos, também tem realizado ataques contra o EI, mas, ao contrário de Moscou, faz oposição ao governo de Assad.
O governo turco se opõe a Assad e vinha alertando a Rússia para não invadir seu espaço aéreo. Em outubro, a Otan, aliança militar ocidental da qual a Turquia faz parte, chegou a alertar que estava preparada para defender o território turco da ameaça provocada pela intervenção russa na Síria.
A derrubada do avião russo ocorre ainda em meio a uma nova parceria entre França e Rússia para agir na Síria após os atentados de 13 de novembro em Paris. O presidente francês, François Hollande, vai a Washington negociar com o presidente Barack Obama uma aproximação militar dos russos, assim como pretende ir a Moscou discutir o assunto com o presidente Vladimir Putin.
Nesta quinta (26), o primeiro-ministro britânico, David Cameron, apresenta ao Parlamento proposta para se juntar à coalizão de ataques ao EI na Síria.
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