A Turquia culpou o grupo radical Estado Islâmico (Isis) pelas explosões que mataram ao menos 128 pessoas em uma passeata pela paz, sábado (10), na capital Ancara. Fontes próximas ao governo turco indicam que o Isis tornou-se opção natural dadas as semelhanças extraordinárias com um ataque suicida em julho na cidade de Suruc, perto da fronteira com a Síria, que deixou cinco mortos.
“Este ataque foi no estilo de Suruc. Os indícios apontam para o Estado Islâmico”, disse a fonte em condição de anonimato. “Todos os sinais indicam que o ataque pode ter sido realizado pelo Estado Islâmico. Nós estamos completamente focados no Estado Islâmico”, acrescentou uma segunda fonte.
A investigação policial indica que ato foi realizado por duas pessoas que amarraram ao corpo TNT reforçado por bolas de aço – mesmo procedimento do ataque de Suruc. O serviço secreto turco trabalha com a informação de que cinco militantes do Isis – e possíveis suicidas – entraram no país há algumas semanas, pela fronteira com a Síria. Agora, o país investiga se entre estes militantes estão os autores do maior ataque terrorista em território turco.
Protesto
A polícia turca usou gás lacrimogêneo para tentar conter manifestações em Ancara, no local onde aconteceram as explosões. Um grupo de políticos e outros manifestantes tentavam colocar cravos no local dos ataques quando a polícia interveio, alegando que investigadores ainda realizam trabalhos. A polícia chegou a deter alguns participantes, como os colíderes do partido pró-curdo, Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag.
Após alguns instantes, um grupo de cerca de 70 pessoas foi autorizado a entrar na área isolada e os manifestantes marcharam em direção à praça principal de Ancara. Eles entoaram protestos contra o presidente Recep Tayyip Erdogan.
O governo da Turquia informou a nomeação de dois inspetores civis e dois inspetores de polícia para investigar os ataques.
O governo comunicou ainda que 508 pessoas procuraram por tratamento médico em decorrência do maior ataque na Turquia em anos. As duas explosões ocorreram do lado de fora da estação ferroviária de Ancara, quando centenas de ativistas se reuniam em um comício para exigir mais democracia e o fim da violência entre rebeldes curdos e as forças de segurança turcas.
Papa
Durante seu discurso dominical na Praça de São Pedro, o Papa Francisco pediu aos fiéis uma oração em silêncio pelas vítimas do que chamou de “terrível matança” na capital da Turquia. O Papa disse que os ataques em Ancara atingiram pessoas que se manifestavam pela paz”.