Mesmo após sua proibição ter sido aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, a Uber expandiu a operação na cidade. Ela passou a oferecer, desde a última segunda-feira (21), uma função em seu aplicativo exclusiva para atender a população do extremo sul. A função UberSul só aparece quando o programa identifica que o usuário está nos bairros da região e oferece motoristas com 15% de desconto em relação ao UberX, o já popular serviço do sistema, nos horários de pico, das 6h às 10h e das 16h às 21 horas.
A função vale para bairros como Parelheiros, Capela do Socorro, Grajaú, e Campo Limpo. É uma versão de testes e ainda poderá ser estendida a outras regiões periféricas, segundo o diretor de comunicação da empresa, Fabio Sabba. “A ideia surgiu a partir de um motorista. Depois que passou a ponte, ele resolveu ligar o aplicativo para ver o que acontecia”, diz. E surgiram pedidos.
Sabba explica que a proposta é atrair gente que desceu do ônibus ou da estação de trem ou metrô para completar a viagem - o que os engenheiros de trânsito chamam de last mile, o último trecho da viagem, que é hoje feito a pé ou em lotações. Assim, além da concorrência com os táxis - que já terminou até com um motorista da Uber agredido, a UberSul oferece um serviço que, até hoje, era exclusivo dos perueiros da SPTrans. “A gente pensa só no usuário”, desconversa Sabba, ao ser questionado sobre os concorrentes.
O motorista Nelson Bazolli, de 55 anos, que vem trabalhando pelo UberSul nesta semana conta que tem feito “umas 17” corridas por dia. “Além da pessoa que pede na estação, tem muita gente que pede também no supermercado”, conta. O motorista diz que não passou por nenhuma situação de insegurança na periferia. Primeiro, porque o pagamento é eletrônico, sem dinheiro. Segundo, porque, de acordo com ele, “nem encontro taxistas”, na periferia.
Haddad quer regular apps de carona em até uma semana
Para atender à reivindicação de taxistas que se queixam de “concorrência desleal” do Uber, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), quer criar uma nova categoria na regulamentação municipal para autorizar o serviço de táxi exclusivo por aplicativo, que vai conectar o usuário ao motorista. A proposta é que os motoristas “virtuais” paguem uma taxa ao Município, assim como os taxistas convencionais, e sigam normas determinadas pela Prefeitura. A medida valerá para o Uber e para outros aplicativos de transporte pago de passageiros. Não está definido se a empresa, além dos motoristas, também será taxada.
Haddad deve sancionar a lei que proíbe o Uber na capital e devolver o texto à Câmara dos Vereadores na próxima semana com uma condição: a criação de uma comissão formada pelo Poder Executivo para definir o modelo da nova categoria de táxis. A comissão definirá, por exemplo, qual será o número máximo de veículos por aplicativo, o modelo do carro e a obrigatoriedade do uso de paletó pelo motorista, entre outras questões.
A taxa cobrada na corrida será definida por tabela, tal como já ocorre com os taxistas licenciados na Prefeitura. A diferença entre a atual categoria e a que está sendo pensada é o suporte. Os motoristas cadastrados na nova classificação vão atender os usuários apenas por aplicativos das empresas de motoristas particulares, como o Uber.
Aos taxistas que não quiserem migrar para o novo formato, continua sendo permitido que aplicativos para solicitar táxis, telefone e pontos de táxi sejam os canais de comunicação entre usuário e condutor.
Polêmica
A declaração do prefeito em Paris, afirmando que vai regularizar o Uber em dez dias, revelada pelo Estado, causou alvoroço no Sindicato dos Taxistas (Sinditaxi), nesta sexta-feira, 25. O presidente Natalício Bezerra disse que os taxistas não paravam de telefonar e que um “tumulto” se instaurou.
“Não acredito que o prefeito vai fazer uma coisa dessas. Os vereadores aprovaram (o veto ao Uber na cidade) na primeira votação com 48 votos, na segunda com 44. O prefeito vai regulamentar uma categoria dessas?”
Informado de que a proposta de Haddad inclui a regularização do Uber e outros aplicativos com normas municipais, cobrança de impostos e fixação de taxas, Bezerra se manifestou favorável à medida. “Não é bom porque para nós a concorrência é desleal, mas até um vendedor de pipoca tem de ter licença. Se existirem regras, não podemos reclamar”, afirmou o presidente do Sinditaxi.
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