Alvo de polêmica em todo o mundo, inclusive em Curitiba, a Uber está diversificando sua atuação. Além do aplicativo que ficou conhecido no Brasil por levantar a ira de taxistas, a empresa norte-americana agora está investindo no mercado de caronas. Cidades como Chengdu, na China, e Chicago, nos Estados Unidos, estão sendo palcos de testes do Uber Commute -- um app em que motoristas e passageiros podem dividir os custos da viagem.
Esse novo Uber é a versão moderna da carona entre vizinhos que, por exemplo, moram longe do trabalho e trabalham próximos uns aos outros. Ele, porém, aproxima desconhecidos ao conectar passageiros e motoristas que vão para a mesma direção. A pessoa que deseja pegar carona abre o aplicativo e tem de digitar o destino que quer ir. Com a informação, o app envia para o motorista a lista de pessoas próximas que vão para a mesma direção e ele decide qual dos passageiros vai aceitar para dar carona. O passageiro, por sua vez, recebe a informação da disponibilidade de carona mais próxima, para onde precisa se deslocar para embarcar e qual a previsão de chegada do veículo.
A Uber informa que escolheu Chicago porque a cidade perde U$$ 410 milhões por ano em produtividade por conta das horas perdidas no trânsito. Por não fornecer o aplicativo no Brasil, a representação da empresa no país não soube informar se o usuário tem de pagar para utilizar o serviço. O comunicado em inglês sobre o novo app também não esclarece essa dúvida.
DIFERENÇAS
O Uber Commute é completamente diferente do app tradicional da empresa. No formato mais conhecido no Brasil, os parceiros da empresa possuem carteira de motorista profissional, que permite a eles exercer função remunerada (EAR), e todos passam por uma checagem de antecedentes criminais. Documentos dos carros também são checados e é necessária a apresentação de uma apólice de seguro com cobertura a partir de R$ 50 mil por passageiro. Além disso, todos passam por uma sessão de ativação para aprender a usar o aplicativo e conhecer mais sobre a Uber.
A estratégia comercial da Uber em relação ao Commute ainda não está clara. Não é possível afirmar, por exemplo, se cidades como Curitiba podem receber o aplicativo. A empresa abriu procedimento no ano passado para contratar três profissionais na capital paranaense. Mas não deu previsão para início da operação por aqui. À época, apenas o aplicativo de transporte privado de passageiros estava ativo.
Vendo os exemplos de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde o Uber está operando sem regulamentação, Curitiba começou a discutir a legalidade do app tradicional da Uber antes mesmo dele entrar em operação. Mas a discussão começou com um viés proibicionista. O vereador Chico do Uberaba é autor de um Projeto de Lei que quer impedir o aplicativo de funcionar na capital paranaense. O texto original foi arquivado, mas o legislador já reapresentou um novo. Além disso, a Urbs, empresa da prefeitura que regula a operação dos taxis, também se manifestou contrária à presença da Uber na cidade.
A Uber é alvo de polêmica em várias cidades europeias e chegou a ser banida pela Justiça em toda a Alemanha, mas a decisão foi suspensa. Nos Estados Unidos e países asiáticos, como a China, seus adeptos encontram mais liberdade para utilizá-lo. O principal argumento das autoridades que querem banir o aplicativo é de que ele rivaliza com o transporte feito por taxistas, que recolhem impostos e têm licenças específicas. Já a Uber afirma que o app se trata de um serviço privado e novo, que precisa de regulamentação.
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