A partir de 2014, alunos que prestarem vestibular na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nos Campos Gerais, não terão mais a opção de concorrer às vagas destinadas para cotas raciais. No fim da noite da última segunda-feira, o Conselho Universitário da instituição aprovou novas regras para o sistema de cotas.
Entre as mudanças, está o fim das vagas destinadas a negros no vestibular. O sistema de cotas na UEPG foi instituído em 2006 para ingressos de 2007, com prazo de oito anos, ou seja, ingressos em 2014. Até 2012, o sistema de cotas ofertou 518 vagas para 1.420 inscritos. Segundo dados do último relatório da Comissão Própria de Avaliação (CPA), 262 pessoas efetivaram matrícula através das cotas para negros.
A nova resolução prevê que metade das vagas seja destinada a candidatos pelo sistema universal e outros 50% reservadas a candidatos oriundos do ensino fundamental e médio em escola pública. Dentro desse porcentual, as cotas para negros foram extintas.
Além disso, o Conselho determinou que a porcentagem seja decrescente. Ou seja, a cada ano, o porcentual de vagas para cotistas deve ser reduzido em 5% até que chegue ao piso de 35%.
"Retrocesso"
Para o presidente do Instituto Sorriso Negro dos Campos Gerais e do Movimento Negro de Ponta Grossa, José Luiz Teixeira, a extinção das cotas raciais é um retrocesso social. Ele frisa que a decisão da UEPG é contrária às políticas afirmativas que dão cada vez mais reconhecimento aos negros. "As cotas já haviam acabado pelo sistema de pontuação aplicado pela Universidade, mas a extinção é uma covardia".
Aluno do primeiro ano de jornalismo, Nilson de Paula, questiona a decisão do Conselho. Ele conta que tentou entrar na universidade pelo sistema de cotas raciais, mas não conseguiu aprovação da Banca. "Eu sou descendente e não consegui. Então prestei novo vestibular e entrei pelo sistema de cotas por escola pública". O estudante diz que a política de cotas da UEPG era uma das marcas da instituição.
A nova política de cotas da UEPG entra em vigor a partir do vestibular de 2014, para ingressos em 2015 e tem duração de oito anos. Segundo a pró-reitora, depois de quatro anos os percentuais podem ser rediscutidos. "Não sei se é um retrocesso, mas veja, assim como a sociedade muda, as pessoas que estão no conselho e as concepções das pessoas que estão na instituição também. Considero positivo o fato de ninguém propor acabar com a política de cotas", finaliza.
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