Durante manhã e tarde desta quarta-feira (24), quando se comemora o Dia Nacional da Araucária, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) distribuiu 2.300 mudas da planta. O resultado é considerado um sucesso pelo professor Flávio Zanette, do departamento de Agronomia da instituição, e que coordenou a distribuição da muda. Devido à grande procura do público, os exemplares disponíveis acabaram e mudas de pesquisa foram doadas para a população.
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As mudas foram distribuídas no câmpus Agrárias da UFPR, no bairro Cabral, em Curitiba. Um total de 350 pessoas adquiriu as mudas. A universidade adquiriu com a empresa Risotolândia, que patrocinou a distribuição, 1,5 mil mudas e outras 800 vieram do viveiro da universidade. “Ainda distribuímos 150 pinhões para pessoas que queriam plantar a semente em casa”, diz Zanette. Folhetos de como plantar e fazer o enxerto foram distribuídos.
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Na avaliação do professor, o resultado mostra que há um grande interesse da população no cultivo da araucária e na colheita do pinhão, mas há pouca iniciativa por parte de órgãos de fomento do estado, como a Secretaria de Agricultura. “O interesse é grande, mas não há quem faça a orientação de como plantar a muda ou semente para se obter uma produção precoce”. O cultivo, explica Zanette, tem importância econômica e ambiental, pois “garante receita na colheita de até R$ 20 mil por ano por hectare durante quatro gerações”.
Em março, a UFPR já havia distribuído 1,5 mil mudas. A araucária é uma espécie ameaçada de extinção. Também corre riscos a mata de araucária – que é a formação biodiversa com todas as espécies que se desenvolvem à sombra dos pinheirais. É o décimo ano em que a data é comemorada – foi instituída por lei em 2005.
Zanette destaca que não é recomendado o plantio de araucária em áreas urbanas. Ela precisa de, no mínimo, cinco metros de raio livres para se desenvolver bem. “O pinheiro só vai bem em lugares ensolarados. Não adianta plantar no meio da mata fechada, à sombra. A árvore também não aceita solo úmido ou encharcado, mas pode ser até ácido ou pedregoso”, comenta. É preciso fazer uma cova com 50 centímetros de profundidade e com o mesmo tamanho de largura e comprimento. “É necessário preparar um berço, para os dois primeiros anos, que sejam os mais críticos para o desenvolvimento”, diz. O solo deve ser bem revirado.
O professor conta que as árvores podem ser enxertadas para começar a produzir pinhões, em média, cinco anos mais cedo. A prefeitura de Curitiba informa que não recomenda o plantio em áreas públicas. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, há um planejamento dos locais a serem arborizados e das espécies mais adequadas. Como as raízes são profundas, a rede de gás, encanamentos e obras subterrâneas, como garagens e subsolos, devem ser consideradas. O plantio perto de redes elétricas e construções também não é recomendado.
O grande diferencial da distribuição comandada por Zanette é justamente o manejo da araucária ensinado à população, que garante 100% de chances da muda se desenvolver corretamente. O procedimento de enxerto,que consiste em inserir parte de uma araucária antiga na pequena muda, foi criado pelo professor e sua equipe.
Muitas pessoas que foram ao local em busca das mudas já plantam araucárias. É o caso de Leonildes Martins, que possui uma chácara onde cinco mil mudas já foram plantadas ao longo de 25 anos. Ela, que se intitula amante da natureza, mora em uma chácara no bairro Atuba, e é lá que pretende plantar as dez mudas que pegou na UFPR. “Eu espero que, com esse enxerto ensinado pelo professor Zanette, as árvores cresçam rápido e produzam muitas sementes”, comenta.
Outro motivo apontado para a grande procura pelas mudas, além do gosto da população pelo pinhão, é a beleza da araucária. O contador Joaquim Machado, que pegou a muda para plantar em Rio Branco do Sul, Região Metropolitana de Curitiba, admira a iniciativa da universidade e considera importante o plantio da árvore que é símbolo do Paraná. “As araucárias são maravilhosas! Eu já possuo 50 em minha chácara e faço questão de plantar mais, pois além de tudo é uma espécie em extinção”, diz ele.
O professor Zanette conta com o auxílio de uma equipe de quatro doutorandos da UFPR que estudam araucárias. Os próprios estudantes ajudaram na distribuição das mudas. Ao longo de dez anos de estudos, foram produzidas mais de 40 mil mudas, em uma parceria com a Risotolândia, que se encerra este ano.
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