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UFPR investe em temas atuais e provas difíceis

Professores convidados pela Gazeta do Povo avaliaram as provas | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Professores convidados pela Gazeta do Povo avaliaram as provas (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

A segunda fase do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) firmou a tradição da instituição de elaborar provas voltadas ao candidato que estudou muito a disciplina cobrada e é um bom leitor, interessado em temas da atualidade. É a avaliação dos professores de ensino médio que comentam as provas em vídeo no site da Gazeta do Povo.

Ao todo, 13.764 candidatos fizeram a prova de Compreensão e Produção de Texto, no domingo, e 8.795 fizeram os testes para as disciplinas específicas, na segunda-feira. A diferença entre os números ocorre porque alguns cursos cobram apenas a prova de Redação na segunda fase.

A relação com temas do cotidiano nem sempre aparece de maneira explícita. A prova de Geografia, por exemplo, pediu para o aluno "caracterizar o ciclo hidrológico e explicar como as atividades humanas podem alterar a dinâmica do seu funcionamento". Em outras palavras, era uma questão sobre a atual crise hídrica. "Mas de uma maneira generalista, e não [diretamente] da falta de água em São Paulo", avalia o professor Arno Boing, do Curso Dom Bosco. "Não é uma prova para amadores."

A 1.ª Guerra Mundial, que completa 100 anos em 2014, apareceu na prova de Redação co­mo pano de fundo em um texto a ser resumido, cuja ideia central era a defesa de um "pacifismo elementar, forte, completo", como explica a professora de Redação Cleuza Cecato, do Colégio Bom Jesus.

Na prova de Compreensão de Texto, os temas atuais foram a regra. Além da paz mundial, entraram na roda a formação da identidade nacional, o problema da fome, as relações humanas em tempos de internet e o déficit de moradias. Para Cecato, é uma estratégia para que "o candidato possa se diferenciar pelo seu repertório de leituras e conhecimentos".

Já a prova de História trouxe temáticas menos frescas nos enunciados (como a fundação do Estado judaico e a criação do Plano Real). Mas o próprio aluno poderia relacionar temas recentes em algumas respostas, caso da questão que relacionava o mapeamento de comunidades quilombolas ao estudo da história do estado. "[O aluno poderia] discutir o Dia da Consciência Negra, que a maioria das cidades do Paraná não adotou como feriado", diz o professor Julio Cezar Siqueira, do Curso Acesso.

Não só as Ciências Humanas querem alunos antenados. A prova de Biologia usou uma notícia sobre o surto de Ebola na África Ocidental para questionar sobre vacinas. A "pegadinha" era que o aluno não precisava saber detalhes sobre o Ebola para responder: bastava conhecer o funcionamento dos vírus de forma geral, diz o professor Geraldo Cardoso Sobrinho, do Colégio Bom Jesus.

Fies ou ProUni atendem 4 entre 10 universitários

O ministro da Educação, Henrique Paim, disse ontem que cerca de 40% dos estudantes matriculados no ensino superior privado usam o Programa Universidade para Todos (ProUni) ou o Financiamento Estudantil (Fies). "São estudantes que têm perfil de baixa renda. Temos um bom desempenho desses estudantes. No ProUni, muitas vezes o desempenho supera o de quem não é cotista do programa. No Fies, temos o desafio de melhorar esse desempenho e fazer com que as pessoas tenham um desempenho também nessa direção."

Henrique Paim defendeu os mecanismos de avaliação do ensino superior e a importância de aprimorar esse grau de ensino. "Precisamos não só expandir o ensino superior, mas expandir com qualidade, melhorar a aprendizagem, fazendo com que os estudantes possam seguir suas carreiras profissionais". E completou: "Não exis­te sistema de avaliação perfeito, mas ao longo dos anos temos que ir reduzindo as imper­fei­ções para ter um sistema robusto e traçar os rumos da educação superior, definir quais os parâmetros que temos de qualidade."

O representante do grupo Kroton Educacional, Rodrigo Galindo, destacou a importância do ProUni e do Fies para a formação de profissionais no país. "Esses programas são bons para os brasileiros que tem ai a principal oportunidade de acesso ao ensino superior. É bom para as instituições, mas é bom também para o país", avaliou.

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