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O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Sintufrj), entidade vinculada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), promoveu uma campanha, na noite de sexta-feira (9), com o mote “Vacina no Braço, Comida no Prato e Fora Bolsonaro” com veiculação de mensagens contrárias ao presidente da República dentro das dependências da universidade.
O principal ato da campanha foi a instalação de um telão de LED dentro do campus Praia Vermelha, com a veiculação de mensagens contrárias a Jair Bolsonaro. Além disso, centenas de cartazes foram fixados em diversos campi da universidade. Com frases como “Bolsonaro é Genocida”, a campanha questiona a forma como o governo federal tem conduzido a campanha de vacinação, o desemprego durante o período de pandemia e cita os embates de Bolsonaro com servidores públicos.
Diante de críticas quanto ao uso da estrutura da universidade para uma manifestação política, no sábado (10), a Reitoria da UFRJ publicou uma nota afirmando que a instalação do painel de LED no campus Praia Vermelha não é uma comunicação oficial da universidade. “Consideramos inadequada a instalação do painel no referido campus, principalmente durante a pandemia. Reiteramos que, durante o pior momento da maior crise sanitária deste século, apenas as atividades essenciais devem ocorrer de forma presencial”, cita a nota. “A UFRJ reafirma a importância da liberdade de expressão e da livre manifestação, balizados sempre pelo espírito republicano”, cita outro trecho da publicação.
À Gazeta do Povo, a assessoria de imprensa da universidade afirmou que não houve autorização por parte da Reitoria para o uso das dependências da UFRJ para a veiculação das mensagens.
Reações
As manifestações geraram diferentes reações entre apoiadores e opositores do governo federal. Políticos de esquerda, como os deputados federais Henrique Fontana (PT-RS), Bohn Gass (PT-RS), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e David-Miranda (PSOL-RJ) comemoraram as intervenções.
“Seremos muitos a defender os sindicatos e a liberdade de expressão na universidade!”, publicou Luciana Boiteux, professora de Direito Penal e Criminologia da UFRJ e filiada ao PSOL, em suas redes sociais.
A Associação de Docentes da UFRJ (Adufrj) também fez uma publicação em apoio aos atos afirmando que “o vídeo que foi projetado em prédios e no campus da universidade é uma manifestação legítima e não pode sofrer qualquer censura”.
Por outro lado, no sábado (10), o deputado estadual Anderson Moraes (PSL), da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), fez uma denúncia à Polícia Federal e pediu a apuração de possível utilização de recursos públicos no ato e do emprego de termos como “genocida” em referência a Jair Bolsonaro.
Antes de fazer a denúncia, o parlamentar publicou um vídeo, também no sábado (10), em que mostrou a estrutura do telão de LED sendo desmontada no campus Praia Vermelha. “Estou indo para a Polícia Federal denunciar esse ato criminoso que está acontecendo dentro da universidade. Não podemos aceitar, nós lutamos por ter uma escola sem partido porque o que as pessoas aqui dentro precisam aprender com certeza não é o que a esquerda tem a ensinar”, disse o deputado na ocasião.
À reportagem, o parlamentar questionou o posicionamento da Reitoria da UFRJ, que citou que não autorizou o uso do espaço da universidade para as manifestações. “É um absurdo a Reitoria dizer que não sabia. Estou falando de um caminhão imenso, um gerador gigante, uma estrutura metálica enorme, um telão de três metros por seis que ficaram dentro do campus. Mas já que a Reitoria alega que não autorizou, quais medidas estão tomando? Já foram à delegacia denunciar que o sindicato invadiu a universidade? Essa história está muito mal contada”, disse o deputado.
No sábado, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) publicou o vídeo das manifestações em suas redes sociais com a mensagem: “O deputado Anderson Moraes está nesse momento registrando ocorrência na Polícia Federal para apurar as responsabilidades cometidas dentro do espaço de uma universidade federal”.
A Gazeta do Povo contatou o Sintufrj e pediu informações sobre as intervenções realizadas, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.