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Violência

Ufscar vai apurar denúncia de assédio sexual

A Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) vai abrir investigação interna para apurar um suposto caso de assédio sexual a uma aluna de doutorado em Sociologia da instituição. Na última quinta-feira, 11, a aluna postou uma foto no Facebook em que aparecia de cabelos raspados como forma de "protesto" por ter sido "agarrada e beijada" pelo professor. Alunos da universidade prometem fazer um ato em repúdio nesta terça-feira (16), às 15h, em frente à reitoria.

Junto à foto, que teve mais de 12 mil compartilhamentos na rede social, a estudante afirmou que raspou os cabelos porque foi agarrada e beijada duas vezes pelo orientador sem consentimento. "Passei dois anos amedrontada e coagida pelas relações de poder que perpassam as consequências de denunciar o ocorrido". A jovem disse que não havia feito a denúncia antes porque temia as consequências negativas que "recairiam no Programa de Pós Graduação e nos colegas do núcleo de estudos".

De acordo com a aluna, o docente, que também é seu orientador, a afastou aos poucos dos projetos do núcleo de estudos que ele coordena depois de ter sido recusado. Em uma das ocasiões, o professor teria dito que ela é "uma franga sem doutorado, que precisa colocar o rabo entre as pernas, parar de enfrentar professor doutor e aprender a jogar o jogo da academia, caso queira mesmo continuar nela". A jovem disse no depoimento que não fez denúncia formal, mas que registrou os episódios de assédio em uma pesquisa interna de avaliação da pós-graduação. De acordo com ela, o depoimento acabou sendo divulgado para outros estudantes. Até sexta-feira, 12, a instituição confirmou que não havia recebido nenhuma reclamação sobre o caso.

Depois de grande repercussão nas redes sociais, membros da Associação de Pós Graduandos (APG) da universidade protocolaram carta na reitoria pedindo investigação do caso. Eles ainda solicitam a criação de uma secretaria contra assédio aos estudantes e uma secretaria de apoio à mulher. No documento, os estudantes afirmam que, durante uma reunião, outros alunos já relataram histórias parecidas. "Diversos outros discentes relataram casos de assédio na universidade, especialmente quando se trata de representantes discentes que atuam em órgãos colegiados".

A Ufscar, em nota, afirmou que nomeará uma comissão para apurar o episódio. A universidade afirmou ainda que não tolera assédio, discriminação ou violência de qualquer tipo. A instituição ainda disse que "vem estudando e propondo encaminhamentos relacionados à concretização de espaços e procedimentos que fortaleçam a rede institucional de acolhimento, apoio e atendimento à comunidade universitária no que se refere ao respeito à diferença e à ampla inclusão, bem como à prevenção e combate a quaisquer expressões de preconceito, discriminação e violência".

Este foi o segundo caso de violência sexual denunciado em uma universidade federal em dezembro. No dia 2, a advogada Marina Ganzarolli denunciou um caso de estupro na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Estes relatos começaram a vir a publico depois de duas alunas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) denunciarem terem sido estupradas em festas de alunos da instituição, em novembro.

De lá para cá, o Ministério Público Estadual (MPE) afirmou que tem informações de oito casos e a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias. A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ) também informou, na última semana, que abrirá investigação para um outro caso de estupro, desta vez no campi de Pirassununga.

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