Último “esquenta” do Carnaval leva 10 mil pessoas para a rua em Curitiba

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Como manda a tradição, a Marechal Deodoro virou neste domingo (31) palco do último desfile de pré-carnaval do bloco Garibaldis e Sacis. Foi o famoso baile dos invertidos, com homens vestidos de mulher e mulheres vestidas de homens.

Embalada pelas clássicas marchinhas de carnaval, a folia levou 10 mil foliões de todas as idades para sambar na rua. A estimativa de público é da Fundação Cultural de Curitiba.

Veja fotos da festa na Marechal

O festejo contou com a participação dos cantores Sérgio Loroza e Ivo Meirelles, figuras conhecidas do carnaval do Rio de Janeiro, que foram acompanhados pelo bloco curitibano Filhos do Rio Belém. Segundo a Polícia Militar, não foram registrados incidentes.

Apesar do calor, não teve economia nas caracterizações. Com direito a terno verde, chapéu, óculos e bigode, a foliã Rosele Paschoalick chamou atenção por satirizar a classe política.

Há quatro anos ela integra a bateria do Garibaldis e Sacis tocando o nada fácil tarol, e este ano veio travestida de deputado. “Trago o mesmo discurso: vim para acabar com a sem-vergonhice das ruas”, brinca Rosele.

Outra celebridade foi a catadora de recicláveis Silvia Suzana Boek, 57 anos. A roupa customizada com lacres de latinhas e garrafas coloridas penduradas até na cabeça fizeram dela alvo preferido das câmeras. “Não tenho samba no pé, mas adoro o carnaval. É ele que me ajuda na luta contra o câncer de mama”, contou.

Ocupação do espaço público

Para Itaércio Rocha, um dos idealizadores do bloco que há 17 anos leva alegria para as ruas, o evento reafirma a vocação do espaço público como palco cultural.

“Essa discussão sobre se Curitiba tem carnaval já é velha. Foi superada. A cada ano a gente mostra que tem, sim”, sentencia Rocha. “O movimento agora é a descentralização, levando o carnaval para os bairros”.

A economista Ana Carla Fonseca, consultora da ONU para políticas públicas, aprova. “É necessário conectar as regiões. E para isso deve haver atrativos capazes de levar as pessoas a outras áreas, como os eventos culturais, que incentivam a ocupação dos espaços públicos e tornam a cidade menos letárgica”, explica.