Brasília – O aumento de 90,7% no salário dos parlamentares é apontado como imoral por entidades da sociedade civil, mas também vai levar a situação questionável do ponto de vista legal: de cada 4 congressistas, 1 vai passar a ganhar acima do teto fixado pela Constituição. Levantamento sigiloso realizado pelas cúpulas do Senado e da Câmara mostra que cerca de 150 deputados e senadores – 25% do Congresso – recebem, hoje, aposentadorias do serviço público, além do salário de parlamentar. A partir de fevereiro, o salário deles será equiparado ao teto, de R$ 24,5 mil, o que fará qualquer outro ganho acumulado estourar esse limite.

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Proibido pela Constituição, esse acúmulo de benefícios foi legalizado na surdina pelas Mesas Diretoras das duas casas legislativas há um ano, permitindo que dezenas de parlamentares estourem o teto salarial do funcionalismo público federal (R$ 24 5 mil). É a chamada institucionalização do "teto dúplex", como os próprios deputados e senadores apelidaram esse privilégio.

Com a elevação dos salários a partir de 1.º de fevereiro, todos os reeleitos que acumulam aposentadorias automaticamente estarão com uma remuneração global superior ao permitido pela Constituição. O artigo 37 estabelece explicitamente que a soma de todas as remunerações dos servidores públicos ou de ocupantes de cargos eletivos não pode ultrapassar o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). E nessa soma estão incluídas todas as "vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza", como horas extras e gratificações.

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Essa regra constitucional não está sendo obedecida por nenhum dos órgãos do Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas da União (TCU).