Rachel Genofre foi assassinada em novembro de 2008| Foto: Álbum de família

Quebra-cabeças

Veja algumas peças que formam o enigma do caso Rachel Genofre:

Sacola plástica

- O corpo estava envolvido por uma sacola plástica amarela de uma loja, que é localizada no bairro Xaxim. Na época do crime, porém, a polícia constatou que tal loja já não usava aquele tipo de sacola fazia um ano.

"O que podemos entender com isso apenas é que o autor tinha o hábito de guardar sacolas", afirma a delegada Vanessa Alice. Lençol

- O corpo também estava envolvido por um lençol. De acordo com a delegada, não se descobriu nenhum hotel da região central que usasse aquele modelo. "É um lençol muito comum, vendido em lojas populares", explica.

Mala

- Não se sabe ao certo da onde saiu a mala em que o corpo de Rachel foi carregado. Linhas de investigação dão conta de que a mala foi comprada em uma loja próxima à Rodoferroviária. Mas isso não é um ponto totalmente fechado pela polícia.

Impressão digital

- Nem mesmo uma impressão digital foi encontrada. De acordo com a delegada responsável pelo caso, apenas uma impressão palmar foi deixada na mala, o que não é suficiente, por si só, para levar até o assassino. Somente depois de identificado o autor é que será possível comparar a palma de sua mão à impressão deixada na mala. A impressão palmar pode nem ser do autor do crime, já que a mala foi bastante manuseada até a chegada da perícia.

Retrato falado

- Um retrato falado feito a partir das informações repassadas pelo vendedor da loja de malas, localizada nas proximidades da rodoviária, ainda é usado pela polícia nas investigações. Mas como não se sabe se a mala do crime foi realmente adquirida ali, a polícia também trabalha com outros retratos falados, que não foram divulgados.

Pessoas conhecidas

- Em princípio, trabalha-se com a ideia, segundo a delegada, de que o autor do crime seja uma pessoa conhecida da família ou da menina, para poder tirá-la do local, em uma área central, com bastante movimento. "Mas não nos prendemos única e exclusivamente a esta informação. Nós trabalhamos também com a hipótese de que seja alguém desconhecido", explica.

Local do crime

- A polícia ainda não conseguiu definir onde ocorreu o crime. Há suspeita de que tenha ocorrido na região central, mas a hipótese que vem ganhando força é a de que o crime tenha ocorrido em um bairro distante. "Todas as câmeras dos estabelecimentos foram vistoriadas. Não foi encontrado nada. Acreditamos que o autor, então, tenha levado a menina de carro. E, assim, há possibilidade de que o crime tenha ocorrido em um bairro distante, sim", diz Vanessa Alice.

Autoria simples

- A polícia trabalha com a hipótese de que o crime tenha sido cometido por apenas uma pessoa, já que a perícia revelou que o abuso sexual foi cometido por um único indivíduo. Porém, segundo Vanessa Alice, não está descartada a hipótese de que uma segunda pessoa tenha ajudado a tirar o corpo do local.

Mochila, tênis e troféu

- Os pertences de Rachel não foram encontrados até o momento e não há pista de onde estejam.

Mordidas

- De acordo com o professor de medicina legal Paulo Coen, as mordidas deixadas pelo autor do crime no corpo do Rachel podem ajudar na identificação de criminoso a partir de sua arcada dentária.

Cabelo cortado

- Segundo Coen, de acordo com os cortes é possível dizer se o autor era destro ou canhoto.

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Relembre os últimos passos de Rachel Genofre
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Uma menina de 9 anos é raptada, abusada sexualmente e morta. O corpo é colocado dentro de um saco, enrolado em um lençol e posto dentro de uma mala, que é deixada na rodoviária. O enredo até poderia ser de um filme de terror, daqueles que contam histórias de maníacos, psicopatas, serial killers. Poderia, mas não é. Infelizmente, trata-se de um roteiro real: um crime que deixou o Paraná perplexo e levou Curitiba aos noticiários nacionais. Passado um ano, o assassinato de Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre ainda é um enigma para a polícia. Nem as mil pessoas entrevistadas, 100 suspeitos checados e 40 exames de DNA feitos levaram a polícia a algum lugar – os esforços, até agora, não ajudaram a elucidar o crime e as investigações continuam na estaca zero.De acordo com o secretário de Estado de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, e segundo a delegada responsável pelas investigações do caso, Vanessa Alice, até o momento não há nada de concreto sobre o assassino que abreviou de forma trágica a vida de Rachel. A polícia não tem ideia sequer do local em que a menina foi morta. Sabe-se apenas que Rachel foi vista pela última vez no dia 3 de novembro de 2008, logo depois da saída do colégio. Tudo o que aconteceu depois disso ainda é um mistério. Com a falta de uma condução escolar disponível, Rachel costumava fazer o trajeto colégio-casa e casa-colégio todos os dias sozinha, de ônibus. Naquele dia, por volta das 17h30, como de costume, saiu da escola em companhia de um colega do Instituto de Educação, caminhando pela Rua Voluntários da Pátria. O garoto se despediu, entrou na loja dos pais, e Rachel seguiu em direção à Praça Rui Barbosa, onde deveria tomar o ônibus para ir para casa, na Vila Guaíra. Mas a menina nunca mais foi vista com vida. No ponto de ônibus da linha Dom Ático, na Praça Rui Barbosa, jamais apareceu, segundo passageiros costumeiros e o motorista.

O que aconteceu no caminho ainda é um grande ponto de interrogação para a polícia. Nem as câmeras das lojas da Rua Volun­tários da Pátria puderam revelar algo – o que leva a crer, segundo a delegada, que o criminoso te­­nha levado a menina de carro e, neste caso, cometido o crime em um bairro distante.

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O que se sabe é que, naquela mesma noite do desaparecimento, em algum lugar, Rachel lutou contra a morte, nas mãos de um assassino cruel, que abusou, mordeu e até mesmo cortou os cabelos da menina, que horas atrás carregava orgulhosa um troféu – um prêmio pela primeira colocação em um concurso de redação da Biblioteca Pública. O laudo da necropsia revela que Rachel morreu asfixiada entre as 20 horas e meia-noite do dia de seu desaparecimento.

Na noite seguinte, o assassino, então, levou o corpo de Rachel, já envolto em um saco plástico e um lençol, dentro de uma mala, até a Rodoferroviária de Curitiba. Depo­sitou a mala embaixo de uma escada, próximo a um local em que índios dormiam improvisadamente. E foi-se. Passou despercebido em um terminal de ônibus por onde circulam diariamente cerca de 35 mil passageiros. O corpo foi descoberto na madrugada. Nenhuma impressão digital, nenhuma pista, nenhuma testemunha.

Desde então, solucionar o assassinato de Rachel Genofre vem se tornando um exercício desafiador para a polícia. "É extremamente desafiador. O criminoso cometeu o crime de uma forma astuta e inteligente, sem deixar sinal, nem rastro", afirma Dela­zari. "Apesar de ter sido um local público, não tem testemunhas. O que é público deixa de ser público porque não há nenhum tipo de testemunha que possa dizer o que aconteceu."

De acordo com a polícia, toda a rotina de Rachel, os locais que ela frequentava, a biblioteca, as redondezas da escola, a empresa do ônibus que ela pegava e os funcionários foram checados. Segundo a delegada, pessoas do relacionamento da menina, da escola, coleguinhas, pais de coleguinhas, comerciantes da região, vendedores ambulantes, pessoas conhecidas da mãe, conhecidas do pai, da família, do avô, do tio, entre outros, foram também ouvidos. "Foi feito um trabalho de fôlego, mas ainda não temos nenhuma prova que possa apontar o autor do crime", diz De­­lazari.

Material genético

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Com provas materiais escassas, a única prova concreta contra o autor é o material genético que ele deixou na menina. Desde o início das investigações, os suspeitos, sejam conhecidos da família ou mesmo pedófilos desconhecidos, vêm sendo submetidos ao exame de DNA. Até agora, todos deram negativo. É que, sem uma outra pista concreta que leve ao au­­tor do crime, realizar quase que aleatoriamente exames de DNA fazem da tarefa de solucionar o caso a mesma coisa que procurar uma agulha em um palheiro.

No momento, a polícia trabalha com três linhas de investigação que são mantidas em sigilo, segundo a delegada Vanessa Alice, para não atrapalhar os trabalhos. Contra estes suspeitos que estão sendo investigados agora, porém, não há provas seguras.

Delazari admite que o tempo é inimigo da perfeição nestes casos. "Quanto mais passa o tempo, mais complicado fica de encontrar o criminoso. Isso é indiscutível", diz. Mas ainda há esperanças, segundo ele. "A investigação não está esgotada. Temos esperança e desejo de encontrar esse criminoso o mais rápido possível", afirma Delazari. "Nós temos uma equipe dedicada a esse caso de forma praticamente exclusiva", afirma. "Enquanto houver in­­vestigações a serem realizadas, nós continuamos trabalhando", completa a delegada.

Serviço: Informações e denúncias que possam ajudar a polícia a solucionar o caso podem ser passadas pelo telefone 181.