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Congresso

Um ano depois, Senado instala CPI das ONGs

Brasília – Foi instalada ontem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, que vai investigar entidades e organizações não-governamentais suspeitas de desviar recursos públicos. Ligada à ONG Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), e que teria recebido R$ 5 milhões, segundo a revista Veja, para promover cursos de treinamento profissional, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) – líder do partido no Senado – virou alvo potencial de uma investigação.

Para proteger a senadora, foi vetado o nome de Valter Pereira (PMDB-MS) para a relatoria. A tentativa do governo é emplacar Inácio Arruda (PC do B-CE) no cargo. Arruda atuaria como uma espécie de "Almeida Lima (PMDB-SE)", referência ao principal defensor do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética.

A definição do relator e do primeiro vice-presidente da CPI ficou para a próxima terça-feira, dia em que o presidente escolhido ontem, Raimundo Colombo (DEM-SC), pretende estabelecer o cronograma de trabalho da Comissão.

O veto de Pereira para a relatoria deixou o peemedebista irritado. Ele próprio admitiu ter sido pego de "surpresa" ao ser informado da "resistência" a seu nome ontem de manhã pelo líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO). A Pereira é atribuído o título de "líder dos franciscanos", como têm sido chamados os peemedebistas rebeldes que na semana passada derrotaram o Planalto derrubando a medida provisória que criava a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo.

Visivelmente irritado, Pereira afirmou que não estava convencido do veto ao seu nome. Ele pediu nova reunião com a bancada para discutir o assunto. "O jogo político é cheio de surpresas. Eu tive uma surpresa, já que minha indicação estava acertada pela bancada", afirmou.

A permanência de um peemedebista na relatoria da CPI, que pretende investigar as ONGs entre 1999 a 2006, também traz outro incômodo ao governo: o temor de que o PMDB poderá utilizar o cargo para fazer pressão na votação da CPMF.

Questionado se considerava o veto a seu nome uma vingança pelo fato de ter comandado a votação contra o governo na semana passada, Pereira disse não estar arrependido da "rebelião". "Eu não voltaria atrás. Agi de acordo com a minha consciência e meu voto foi técnico", ressaltou.

Pereira ainda avisou que se a CPMF chegar ao Senado nos moldes em que se encontra hoje, novamente votará contra o Planalto. "A CPMF, do jeito que está, é difícil de ser digerida. Se houver mudança que a torne palatável..."

Briga local

Apontado por petistas de Santa Catarina como um dos responsáveis pelo vazamento da denúncia de que Ideli está envolvida com a ONG que desvia recursos, o presidente da CPI disse que essa acusação "não o atinge". Colombo ressaltou "não ter nada contra Ideli" e disse que a intenção é harmonizar. Mas avisou que pretende investigar para valer.

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