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A queda de um aponte na BR-277 deixou o litoral isolado do restante do estado. Projeto do governo é construir trecho da BR-101 e ligar a rodovia até a PR-508, criando uma alternativa à BR-277 e facilitando a ligação com o Porto de Paranaguá | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
A queda de um aponte na BR-277 deixou o litoral isolado do restante do estado. Projeto do governo é construir trecho da BR-101 e ligar a rodovia até a PR-508, criando uma alternativa à BR-277 e facilitando a ligação com o Porto de Paranaguá| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

Meio ambiente

Novo projeto reduz impactos

Construir a BR-101 no Paraná não é novidade proposta pela gestão do governador Beto Richa. Inúmeras tentativas já foram feitas nas últimas duas décadas para tirar o projeto do papel, mas nenhuma teve sucesso. De acordo com o Plano Estadual de Logística e Transportes (Pelt), o fato de o trecho ficar em uma região de preservação torna a implantação complexa. Interferir com obras impactantes, como de uma estrada, na região Nordeste do estado, é praticamente impossível, devido à existência de inúmeras áreas de preservação. Por isso, o estudo considera que o novo trajeto, ao usar em sua maioria estradas já existentes, deve diminuir os impactos. "Entende-se como perfeitamente possível a busca de uma proposição construída conjuntamente de um projeto ecologicamente viável, que traga ganhos sociais e qualidade de vida para a comunidade local e que mitigue ao máximo os impactos relativos à construção", diz o Pelt.

  • Governo pretende aproveitar trecho da PR-508 para iniciar a BR-101 no estado. Veja

O projeto básico de uma nova tentativa de implantar a BR-101 no Paraná foi concluído pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Ao custo de aproximadamente R$ 400 milhões, os cerca de 84 quilômetros entre Garuva (SC) e a PR-508 (rodovia Alexandra-Matinhos) dariam o início à rodovia no estado. No futuro, a intenção é ligar a BR-277 à BR-116, agilizando o cruzamento do Paraná. A BR-101 corta o país pelo litoral, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, mas a rodovia não passa pelo litoral paranaense devido ás fragilidades ambientais da região.

A iniciativa se deve à necessidade de abrir um novo caminho até o Porto de Paranaguá. As fortes chuvas deste mês derrubaram pontes na BR-277 (ligação até o Porto de Paranaguá) e bloquearam a BR-376 e a BR-101, deixando praticamente ilhados o Porto e o litoral. "Hoje, o projeto é prioridade para o estado. É antigo, mas recebeu ajustes", diz o secretário de Estado de Transportes e de Obras, José Richa Filho. O próximo passo será elaborar o Estudo de Viabilidade Técnica, Eco­nômica e Ambiental (Evtea), para que a obra possa entrar no Plano Plurianual (PPA) e no orçamento do governo.

Richa Filho acredita que o governo federal tem interesse em bancar o projeto. "O momento econômico é bom. Eles entendem a obra como estratégica. Temos que pensar em parcerias, inclusive com a iniciativa privada", afirma o secretário. Segundo ele, a equipe técnica responsável pelo estudo informou que não haverá grandes entraves ambientais.

Em 2007, o Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Paraná lançou projeto para fazer a ligação entre Garuva e Antonina. Procurado, o órgão informou ontem que os responsáveis não estavam disponíveis para comentar o assunto. O DER pretende dialogar com o Dnit para escolher a melhor forma de execução.

Membro do Conselho Con­sultivo do Instituto de En­­ge­nharia do Paraná (IEP), Luiz Cláudio Mehl trata a obra como relevante para o estado, mas a considera menos importante do que outras. Para ele, é preciso melhorar o acesso ferroviário a Paranaguá e fazer com que o Porto trabalhe de maneira mais eficiente. "É preciso adequar o Porto. Há muitos anos, o governo federal tenta apoiar o estado, mas esbarra em erros cometidos pelos próprios paranaenses", critica.

O Plano Estadual de Logística e Transportes (Pelt), desenvolvido pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) no ano passado, apresenta o trajeto sugerido como uma das principais necessidades do estado. "Essa nova área de passagem e acesso a Paranaguá melhora a infraestrutura como um todo. Mas o que é transportado pela BR-277 não ganha nova alternativa", diz o professor Garrone Reck, do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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