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Chacina de Piraquara

Um crime difícil de esquecer

Velório dos irmãos Grando: familiares e amigos lamentam a impunidade | Daniel Castelano / Gazeta do Povo
Velório dos irmãos Grando: familiares e amigos lamentam a impunidade (Foto: Daniel Castelano / Gazeta do Povo)
Albino, Jorge e Gilmar foram mortos a tiros |

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Albino, Jorge e Gilmar foram mortos a tiros

A chacina de Piraquara completa um ano neste domingo sem que nenhuma explicação tenha sido encontrada para os assassinatos de 5 homens – entre eles o ambientalista Jorge Grando. Para as famílias, permanecem as dúvidas sobre a motivação do crime e a incerteza se houve o empenho necessário para esclarecer o caso. A polícia ainda tateia em busca de provas em meio às mais variadas linhas de investigação, que vão de "queima de arquivo" a crime passional.

Na noite de 22 de abril de 2011, quatro amigos faziam um churrasco em uma chácara da cidade, que fica na Região Metropolitana de Curitiba. Os irmãos Jorge e Antonio Luis Carvalho Grando receberam a visita do empresário Gilmar Reinert e do agente penitenciário Valdir Vicente Lopes. Eles foram surpreendidos por um ou mais assassinos e amarrados com fios elétricos e arames.

Segundo o delegado Amadeu Trevisan, que comanda a investigação, Jorge Grando teria tentado fugir e foi baleado. Os outros três foram executados com tiros na nuca meia hora depois. O vizinho Albino Silva, funcionário da Sanepar, apareceu na casa – ainda não se sabe se porque notou alguma movimentação estranha ou se estava de passagem e decidiu chegar – e também foi morto.

Uma denúncia, por escrito, que chegou às mãos do delegado em fevereiro mudou o rumo das investigações. Seria uma pista da autoria do crime. Trevisan disse que acionou os serviços de inteligência policial para encontrar provas da participação do suspeito. O delegado pediu à Justiça informações adicionais, como quebra de sigilo telefônico.

Ele evita dar detalhes, alegando que podem atrapalhar as apurações, mas confirma que mantém a tese de que foi uma tentativa de assalto que acabou muito mal para as vítimas. "Para mim, está descartada a hipótese de crime por ele ser ambientalista", conta. O delegado assumiu o caso dois meses após o crime. Ele garante que a investigação não esteve parada em nenhum momento e nega que falte estrutura para trabalhar.

Pressão

Ambientalistas cobraram atitudes das secretarias estaduais de Segurança e de Meio Ambiente, da Polícia Federal (PF) e do Ministério da Justiça. Integrante do grupo que pede mais empenho das autoridades, José Álvaro Carneiro disse que não teve repostas assertivas. "Como foram execuções, fica difícil acreditar em roubo seguido de morte", avalia. Muitos objetos de valor foram deixados na casa e os carros não foram levados. Mas como a casa estava totalmente revirada, a polícia acredita que os criminosos poderiam estar em busca de dinheiro que os irmãos Grando eventualmente guardavam na chácara por causa da venda dos loteamentos. Jorge vendia alguns lotes porque queria transformar o local em um condomínio ecologicamente correto para viver.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Tadeu Veneri (PT), disse não entender como um crime envolvendo cinco pessoas não foi elucidado ainda. "Os esforços necessários não foram feitos ou o caso foi deixado de lado", analisa. Ele pretende fazer uma visita ao delegado durante a semana para pedir informações. "O crime tem todas as características de queima de arquivo", acredita Carneiro. Jorge Grando tinha informações sobre grilagem de terra, loteamentos clandestinos e exploração irregular de jazidas de areia e pedra.

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