Desrespeito aos pedestres, estacionamento irregular e até travessia na contramão são algumas das situações vistas em cidades com trânsito não municipalizado, como em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. Colombo apenas ilustra algo corriqueiro em outras localidades do Brasil. Próximo à Estrada da Ribeira, em um cruzamento a cerca de 500 metros do terminal do Alto Maracanã, as irregularidades acontecem a cada minuto: são motoristas furando o sinal vermelho, mesmo com a travessia de transeuntes, condutores realizando conversões em faixas proibidas e carros parados sobre a faixa de pedestres.
"Nunca vi polícia de trânsito por aqui. Conheço quem foi multado na cidade, mas a falta de educação acontece com frequência e não é punida", diz a representante comercial Nilza Alves, de 50 anos. "Aqui o movimento é sempre assim. Sempre acontecem acidentes graves", relata o autônomo Eduardo Pixane, 36 anos. O vendedor Jair (que preferiu não informar o sobrenome) já perdeu as contas do número de acidentes que viu na Estrada da Ribeira. "Assim que a estrada foi inaugurada, os policiais ficavam por aqui, mas depois foram embora", diz.
Responsável pela fiscalização, a própria Polícia Militar não serve de exemplo. Os carros da PM realizam cruzamentos em fila dupla e os oficiais chegam a circular sem o cinto de segurança. Subcomandante do policiamento na capital, o coronel Ademar Cunha Sobrinho afirma que os oficiais estão também sujeitos às normas de trânsito. "Nós fizemos instruções com todos os batalhões, alertando para o uso do cinto de segurança", garante.
Para o coronel, o policial é uma autoridade e, por esse motivo, deve ser exemplo de conduta no trânsito. Em caso de necessidade, como em perseguições, a polícia tem liberdade para executar manobras perigosas e realizar outra ações não previstas no CTB. Mas só nessas circunstâncias, e "desde que não coloque a vida do pedestre e outros motoristas em risco".
Os moradores de Colombo reclamam da falta de passarelas na Estrada da Ribeira. Com a ampliação do número de pistas, houve aumento da velocidade dos veículos e consequente acréscimo do risco de travessia. "Sem passarelas fica muito complicado cruzar a rua. Muitas vezes, os semáforos estão desligados ou mesmo no alerta. Como não tem fiscalização constante, os motoristas abusam", diz um deles.