O promotor Marcelo Briso Machado, 33 anos, está há cerca de 90 dias em Almirante Tamandaré, tempo suficiente para identificar o excesso de trabalho, os problemas da cidade, a violência e a sensação de impunidade. Ele ingressou no Ministério Público há cerca de dez anos e passou pelas comarcas de Centenário do Sul, Guarapuava, Paranaguá e Foz do Iguaçu, até chegar perto do topo da carreira em Tamandaré. Isso porque ele é vinculado ao Foro da Comarca da região metropolitana de Curitiba, a maior do estado ou seja, está bem perto de atuar na capital.
Em apenas três meses, o promotor já chegou à conclusão de que Tamandaré vai ser seu maior desafio profissional. Experiência ele tem de sobra. Ele atuou nos últimos anos na Promotoria da Infância e da Juventude de Foz do Iguaçu, na Tríplice Fronteira, onde também é elevado o número de homicídios e o tráfico de drogas é intenso ela é a décima colocada no ranking nacional da violência.
Mas mesmo assim, Briso diz que a situação de Tamandaré é muito mais difícil. Foz, com cerca de 270 mil habitantes, tem uma estrutura melhor. São 14 promotores, mais a Promotoria de Investigação Criminal, além do Ministério Público Federal, Polícia Federal, entre outros órgãos.
Agora, para dar conta do serviço, seu expediente começa cedo, termina no fim da tarde no foro e continua em casa, por tempo indeterminado. "Eu e a juíza costumamos trabalhar à noite em casa. Quando há algum trabalho urgente (denúncia, recurso), costumo terminá-lo em casa, de manhã, para evitar o movimento do fórum", conta. Ele não fica no escritório à noite por falta de segurança.
O promotor diz que é comum atender vítimas e parentes de pessoas mortas, por exemplo, que buscam informações sobre inquéritos, como eles estão correndo e se alguém está sendo responsabilizado pelo crime. "Muitas vezes a gente não consegue dar uma resposta", afirma, reclamando da falta de estrutura da delegacia da cidade.
De acordo com Briso, a região metropolitana precisa de respostas rápidas na área de segurança, como aumentar o número de promotores, juízes e policiais. (JNB)