Um dia depois do temporal que causou estragos em 41 municípios do Paraná, 18,6 mil imóveis permaneciam sem energia elétrica, no Oeste e Sudoeste e na região metropolitana e litoral do estado, na manhã desta quarta-feira (9). A forte chuva caiu principalmente durante a madrugada de terça-feira (8) e chegou a deixar 180 mil ligações sem luz em 105 municípios. A Coordenadoria Estadual da Defesa Civil alerta para o risco de novos temporais nesta tarde.
Apenas nas regiões Oeste e Sudoeste, das 670 mil ligações existentes, 15 mil estavam cortadas até a manhã. De acordo com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), o corte atinge principalmente imóveis localizados na zona rural e ocorre por problemas na distribuição final, provocados por quedas de postes ou rompimento de fiação elétrica. Não houve registro de estragos na rede de transmissão, segundo a empresa, e a expectativa é que a situação esteja normalizada até o fim do dia.
A empresária Cristina Schroeter Simião, dona de uma pousada na zona rural de Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, está sem energia elétrica desde as 3 horas de terça-feira. Ela reclama que já registrou seis ocorrências na Copel e que até as 11 horas desta quarta nenhuma equipe da companhia havia comparecido à localidade para consertar os estragos. "Sempre que falta luz é assim. Dizem para esperarmos e ninguém aparece", afirma.
A pousada de Cristina hospedava 14 pessoas a lotação máxima na manhã de terça-feira, mas teve de dispensar todos os clientes por conta da falta de energia. "Eles ficariam até o fim da tarde, mas falei para irem às 11 horas. Não tinha nem como eles tomarem banho", conta. Segundo Cristina, toda a região do Circuito Italiano de Turismo Rural, do qual a pousada dela faz parte, foi afetada.
Procurada pela reportagem, a Copel informou que a região onde fica localizado o estabelecimento de Cristina está na fila de ocorrências a ser atendida até o fim desta tarde. A companhia alega que o acesso das equipes à localidade é dificultado pelo grande número de árvores que caíram com as chuvas. O problema foi causado pelo rompimento de cabos da rede elétrica e atinge 1,8 mil domicílios das proximidades, segundo a Copel.
Alerta para mais chuvas De acordo com previsão do Instituto Tecnológico Simepar, o tempo deve permanecer chuvoso em todas as regiões do Paraná até o fim da semana. Segundo o meteorologista Cezar Gonçalves Duquia, uma massa de ar que cobre o estado mantém a instabilidade pelo menos até o sábado (12).
Por conta disso, nesta madrugada, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil expediu alerta para o risco de temporal para as regiões Oeste, Sudoeste e Central, e para as regiões metropolitana, Norte e Norte Pioneiro. A recomendação, que vale para toda esta quarta-feira, é para a população dessas localidades evitar sair às ruas durante o período de chuva, especialmente se precisar passar nas proximidades de barrancos onde possa haver deslizamentos de terra.
Prejuízos
Os prejuízos provocados pelas chuvas afetaram cerca de sete mil pessoas, segundo a Defesa Civil. Nesta quarta-feira, conforme mostrou o telejornal Bom Dia Paraná, da RPC TV, a instabilidade voltava a provocar pancadas acompanhadas de trovoadas na região Oeste, dificultando o trabalho dos moradores de Cascavel no reparo das coberturas das casas que foram danificadas. A recomendação do Corpo de Bombeiros é evitar subir no telhado para evitar acidentes. "Se as pessoas não puderem realizar a tarefa com segurança, que chame algum profissional que faça", disse o tenente Rafael Tavares ao telejornal.
Na região Sudoeste, os maiores estragos foram registrados na cidade de Santo Antônio do Sudoeste, onde 82 pessoas são mantidas em abrigos e outras 640 estão desalojadas e tiveram de passar a noite na casa de amigos e parentes.
Outras regiões
Os temporais não perdoaram nenhuma região do Paraná. Em Primeiro de Maio, no Norte, uma tempestade surpreendeu os participantes de uma festa de rodeio na noite de segunda-feira (7). O teto do palco veio abaixo e deixou 14 pessoas feridas, sendo três em estado grave. O vento forte ainda derrubou um galpão, dezenas de árvores e barracas montadas para o evento.
Em Ponta Grossa, ventos de 100 quilômetros por hora destelharam pelo menos 200 casas. Parte de uma creche desabou, mas ninguém estava no local na hora do incidente. Já na região de Curitiba, o estrago maior foi em Tijucas do Sul. Por volta de 1h40 de terça uma chuva de granizo que durou 6 minutos foi suficiente para desalojar famílias de 163 residências. Depois do granizo, a chuva continuou até por volta de 5 horas. Ninguém ficou ferido.
A Defesa Civil Estadual distribuiu lonas em todos os municípios que tiveram registro de destelhamento. Após os registros da madrugada e manhã de terça-feira e até a manhã desta quarta-feira, não haviam sido contabilizados novos estragos pelo estado. De acordo com a Defesa Civil, as pessoas que tiveram de deixar suas casas por causa do temporal continuam alojadas nas casas de parentes e amigos.