"Se você acredita numa causa, coloque ela junto com a sua paixão". As palavras do britânico Jon Burns, fundador da ONG internacional Lionsraw, explicam de maneira muito simples o que parece incomum: potencializar ações transformadoras de cidadania por meio do futebol. "Como uma ferramenta de mudança social e como mobilizador, o futebol é excelente. A maioria das crianças ao redor do mundo adora futebol e eu, pessoalmente, não gosto de mais nada", brinca.
Concebida em 2004, a organização atua hoje em sete países segundo o fundador, sempre de maneira voluntária e em parceria com ONGs locais. Curitiba é a cidade escolhida pela organização no Brasil para as ações que vão ser desenvolvidas ao longo de 2014, aproveitando o clima da Copa do Mundo. "A nossa primeira prioridade é criar oportunidade de mudanças para as crianças, e a segunda é mobilizar os fãs de futebol para fazer isso", resume Burns.
"Curitiba é perfeita para nós. Ela tem o tamanho necessário para causarmos impacto significativo e as pessoas aqui se dedicam muito ao trabalho voluntário, de uma forma que me impressionou", completa Kevin Clark, diretor nacional da Lionsraw no Brasil, que está no país desde o começo do ano desenvolvendo relações com as comunidades locais e estabelecendo uma rede de voluntários. Ele explica que a ONG trabalha com questões como a educação por meio do esporte, com lições sobre respeito, disciplina e companheirismo.
Ações
Em Curitiba, quatro construções estão sendo desenvolvidas com ONGs locais: um centro comunitário e um centro esportivo na região do Tanguá, um centro educacional que gera empregos para os familiares que quiserem trabalhar na comunidade do Uberaba e a construção de uma sede de futebol no Cajuru. Esta última vai atender à ONG Futebol de Rua, que atua em Curitiba desde 2007, usando o esporte como ferramenta de inclusão social. "Trabalhamos hoje com 500 crianças em diversas escolas, e agora temos a oportunidade de um espaço próprio. A Lionsraw está dando o suporte para construirmos a sede em um terreno que estamos pleiteando na prefeitura", comenta o presidente da Futebol de Rua, Oscar Neto.
Arrecadação
Tudo é feito de maneira voluntária e por meio de uma rede de contatos. "Quando as pessoas gostam da gente, pedimos: nos apresente aos seus amigos. Quem pode nos ajudar?, e dessa maneira conseguimos patrocínio e doações para nossas ações", explica Jon Burns. Nem tudo vai como o plano, porém. A crise econômica interferiu diretamente no trabalho da ONG, segundo ele: "Juntar dinheiro para fazer as visitas aos países está mais difícil, e com a equipe reduzida, acabamos com muito mais ideias e vontades do que nossa real capacidade permite".