Um militante da causa teatral

O corpo do dramaturgo Sérgio Britto foi sepultado na manhã de ontem, sob aplausos de amigos e parentes, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária do Rio.

Amigos de longa data, como as atrizes Nathalia Timberg, Sura Berditchevsk e Renata Sorah, deram o último adeus ao dramaturgo. "Estamos todos de luto. A coisa mais linda que ele deixou em vida foi o legado para as novas gerações", disse Nathalia Timberg, muito emocionada.

A atriz Fernanda Montenegro, que Sérgio Britto chamava de irmã, não foi ao cemitério, mas se despediu do amigo no velório, na Assembleia Legislativa do Rio, no centro da cidade. "Era um homem excepcional. Viveu uma grande vida. Nesse país tão caótico, do ponto de vista ético e comportamental, Sérgio é uma liderança. Não foi uma liderança, ele é uma liderança", declarou ontem.

Legado

Sérgio Britto foi um grande ator e diretor, mas, também, um defensor apaixonado da causa das artes cênicas no país. Além de ter participado, ao longo de suas mais de seis décadas de carreira, de montagens de textos de autores clássicos, que vão William Shakespeare a Nelson Rodrigues, passando por Anton Chekhov e Eugene O’Neill, Britto investia tempo, energia e dinheiro em teatro.

Já no fim da década de 50, formou sua própria companhia teatral, o Teatro dos Sete, com Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Gianni Ratto, Luciana Petruccelli, Alfredo Souto de Almeida e Fernando Torres. Para o grupo, Rodrigues escreveu, em 1960, O Beijo no Asfalto.

Em 1978, ele fundaria sua própria casa de espetáculos, o Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea, onde, por 15 anos, seriam produzidos espetáculos antológicos, como Assim É Se Lhe Parece, de Luigi Pirandello; e Tio Vânia e O Jardim das Cerejeiras, ambas de Chekhov.

Em 1982, preocupado com a formação de profissionais para o palco,uniu-se à fonoaudióloga Glorinha Beutenmuller, ajuda fundar a Casa de Arte das Laranjeiras (CAL), hoje uma das mais importantes escolas de atores de atores do país.