As casas de bonecas seriam reservadas apenas às meninas? Essa, pelo menos, não era a opinião dos ricos holandeses e alemães dos séculos 17 e 18, que mandavam construir verdadeiras obras de arte em miniatura e que ainda hoje custam uma fortuna, como se conclui de uma exposição realizada em Haia, na Holanda. "Tratava-se, principalmente, de um hobby para as damas: havia muito dinheiro a gastar, tempo disponível e fazia parte também de uma atividade social", disse Jet Pijzel-Dommisse, curadora da exposição XXSmall no Museu Municipal de Haia.
A moda de casas de bonecas para as damas nasceu em Nuremberg (sudeste da Alemanha) no início do século 17 e se propagou além do Reno e da Holanda, vizinhos que durante o "século de ouro" conheceram uma prosperidade excepcional, graças principalmente ao comércio marítimo.
Podendo chegar a dois metros de altura e de largura, cheias de verdadeiros tesouros, elas poderiam custar, às vezes, tão caro como uma casa de verdade. A mulher de um rico mercador de seda de Amsterdã Petronella Oortman teria comprado sua casa de bonecas por mais de 20 mil florins na época, ou seja, o preço de uma grande casa ao longo do canal de Amsterdã, destacou Pijzel-Dommisse.
As paredes da casa de bonecas de Sara Rothé, casada com um rico comerciante de Amstel, na periferia de Amsterdã, exposta em Haia, são cobertas de quadros em miniatura, de alguns centímetros quadrados, pintados por verdadeiros artistas.
Prata e faiança
Na salinha de jantar, a mesa apresenta-se posta, com talheres de prata maciça e pratos de faiança, a biblioteca possui livros minúsculos. Um pouco mais longe, numa casa vizinha, uma empregada se dedica a seu serviço na cozinha enquanto a dona da casa descansa no salão, embalada pelo tique-taque regular de um relógio.
"Na época, tudo era produzido por verdadeiros artesãos e artistas que faziam também coisas para gente grande", explicou a curadora. Além do passatempo agradável permitindo gastar o dinheiro supérfluo com o símbolo de um certo status social, as casas de bonecas desempenhavam um verdadeiro trabalho social e educativo, influenciado pela religião protestante, segundo Pijzel-Domisse.
"A vida em casa era muito mais importante nos países protestantes do que nos católicos, onde a Igreja era o centro. Era, então, mais importante, nas nações protestantes, mostrar como uma boa casa funcionava", contou ela. Amigos e vizinhos vinham admirar as casas, com frequência, acompanhados de seus filhos, que viam como os lares deveriam ser administrados. Após a Revolução Industrial, as casas de bonecas e seus acessórios tornaram-se mais padronizados. De qualquer forma, as casas de bonecas ainda fascinam.
Mais de 86 mil visitantes já admiraram as que estão expostas em Haia desde novembro. "São muito bonitas e incrivelmente pequenas", se entusiasmou Eva Mits, uma holandesa de 78 anos. "Aprende-se muito sobre a vida de antigamente, como as casas funcionavam e quais eram os costumes e a vida das mulheres."
Empresas enfrentam “tempestade perfeita” com inflação, contas do governo e alta de juros
Não foram os sindicatos que nos deram a jornada de 8 horas: foi o desenvolvimento econômico
O IPTU "progressista" e o fim da propriedade privada no Rio
Conheça o novo traçado do túnel imerso Santos-Guarujá, com “superquadra” para obras
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião