Impressões
Turistas têm dificuldade para trocar dinheiro nos bancos de Paranaguá
Oswaldo Eustáquio, correspondente
Um grupo de quatro amigos optou por ficar em Paranaguá e conhecer o potencial turístico da cidade. "Não queremos fazer roteiros com um guia e ver apenas as coisas bonitas da cidade. Queremos conhecer o Brasil como ele realmente é", diz o turista alemão Rael Peter Kuhnel. O grupo percebeu o contraste social do país na Fontinha da Camboa, um dos pontos turísticos da cidade, que estava sendo utilizado como tanque de lavar roupa por moradores de rua.
Uma das principais dificuldades encontradas pelos turistas europeus foi trocar dinheiro. Em Paranaguá, nenhum banco autorizado se dispôs a oferecer este serviço aos turistas, embora a solicitação tenha sido realizada pela prefeitura. No Mercado Municipal, muitos artesãos deixaram de vender mais porque o turista não dispunha da moeda brasileira e a maioria dos comerciantes não tinha ideia de quanto valia um euro ou um dólar. O presidente da Fumtur de Paranaguá, Luiz Fernando Gaspari de Oliveira Lima, admite que a cidade precisa melhorar sua infraestrutura para receber os turistas. "Sabemos que ainda temos algumas deficiências, mas estamos trabalhando muito para que nossa cidade seja referência na questão de turismo."
Projeto
Terminal de passageiros será licitado
A Prefeitura de Paranaguá aguarda um parecer da Caixa Econômica Federal para iniciar a licitação da empresa que fará o projeto executivo do terminal de passageiros do porto da cidade. A administração municipal já conta com R$ 500 mil liberados pelo Ministério do Turismo para a contratação desse projeto.
De acordo com a prefeitura de Paranaguá, o pedido foi encaminhado à Caixa no último mês de julho, mas ainda não houve um retorno com o parecer da instituição.
Segundo Rafael Andreguetto, coordenador de Planejamento da EcoParaná, empresa ligada à Secretaria de Turismo do estado, o plano de desenvolvimento e zoneamento portuário já conta com uma área reservada para implantação do terminal de passageiros.
Além da verba para contratação do projeto executivo do terminal de passageiros, a pasta federal anunciou, no início deste mês, a liberação de R$ 10 mihões para investimento no turismo no Paraná.
O Porto de Paranaguá recebeu, no último sábado, o cruzeiro alemão Aida Cara, com 1.180 turistas e 350 tripulantes. Essa foi a quinta vez que o navio atracou no litoral paranaense em paradas técnicas. A cada visita, fica evidente que o potencial turístico via modal marítimo no estado ainda está longe de ser bem aproveitado.
De acordo com dados da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), nos últimos 14 anos foram realizadas 45 paradas turísticas em Paranaguá. O terminal de passageiros do Porto de Santos, em São Paulo, por exemplo, recebeu mais de 2 mil escalas e quase 6 milhões de passageiros nesse período. O Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, atraiu oito escalas com 4,4 mil turistas na última temporada e já tem programada a recepção a oito cruzeiros neste verão.
Terminal exclusivo
A falta de infraestrutura para recepcionar turistas de cruzeiros em Paranaguá, a começar pela ausência de um terminal exclusivo de passageiros no local, é apontada por especialistas do setor como a principal causa para o baixo aproveitamento do potencial turístico do porto.
"Para que o Porto de Paranaguá seja um portão de entrada é preciso que seja como um aeroporto: precisa ter uma boa recepção, com área de bagagem, fiscal da imigração e órgãos controladores. Falta também um terminal de passageiros exclusivo", explica Márcia Nakatani, professora do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Paraná.
Além de melhorias na infraestrutura portuária para o turismo, Tatiana Turra, diretora executiva da Convention e Visitor Bureau de Curitiba, aponta a necessidade de criação de uma rede de informações prévias. "A informação sobre o potencial turístico do estado precisa chegar ao turista com antecedência", afirma.
Informações que, segundo Márcia Nakatani, podem se concentrar no apelo ao meio ambiente. "Precisamos focar no ecoturismo e no turismo de aventura, porque a Mata Atlântica preservada é um dos nossos atrativos."
Um total de 250 dos 1.180 turistas do Aida Cara haviam reservado antecipadamente pacotes turísticos para passear no Paraná. Destes, a maioria foi para a Ilha do Mel e 70 visitaram as atrações de Curitiba, como o Jardim Botânico e o Museu Oscar Niemeyer.
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