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Eleições

Um Nordeste a favor de Lula

Curitiba – Os candidatos que pretendem superar o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na disputa pelo Palácio do Planalto no fim do ano sabem que o petista tem a seu favor uma popularidade que permanece inabalada em uma das principais regiões do país: o Nordeste.

É lá que Lula abre a maior vantagem sobre seus adversários, de acordo com as pesquisas eleitorais. Foi lá que o petista buscou o contato com a população nos piores momentos da crise política.

Levantamento comparativo feito pela Gazeta do Povo com base em informações do cerimonial do Palácio do Planalto mostra que o Nordeste foi a região mais visitada por Lula no primeiro trimestre de 2006. Das 19 viagens feitas pelo presidente dentro do Brasil 11 foram naquela região. No mesmo período de 2005, foram 17 viagens, sendo que apenas 4 foram para os estados nordestinos.

"É uma estratégia de campanha, mas é natural que Lula busque uma interação com um público que lhe seja favorável", afirma o cientista político e professor de Ciências Sociais da UFPR, Renato Perissinoto.

"O Lula quer manter e os adversários querem tirar essa diferença. O Geraldo Alckmin (candidato do PSDB à Presidência) vai visitar muito a região, com certeza", diz o publicitário Ernani Buchman, especialista em campanhas políticas.

Não por acaso, o coordenador da campanha de Alckmin, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), afirmou que o ex-governador deverá ter visitado todos os estados da região Nordeste até o dia 15 de maio. Guerra também indicou que, na jornada pelos estados, Alckmin deve pesquisar demandas regionais para compor seu programa de governo. O foco tucano no Nordeste se completa com vice que virá da região.

Mas, por que, afinal, de contas, Lula mantém no Nordeste uma popularidade que não se verifica nas demais regiões?

A primeira resposta é óbvia. Natural de Garanhuns (PE) o presidente representa todo um imaginário do homem nordestino, pobre, trabalhador, que conseguiu vencer na cidade grande, em meio aos políticos e a elite do sul-sudeste.

Em seus discursos, o presidente faz questão de elencar a região como prioridade de governo.

A segunda explicação pode ter mais a ver com o próprio Nordeste do que com Lula em si.

"De maneira geral, os estados nordestinos costumam oferecer às lideranças políticas, aos presidentes um palanque mais seguro, mais receptivo", explica o professor de História do Brasil da UFPR, Luiz Carlos Ribeiro.

A história recente do país traz exemplos que comprovam essa teoria. Foi nos estados do centro-sul que teve início o movimento popular que pedia o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello e foi no Sul do país que teve início o movimento pelas Diretas Já.

"Por terem níveis de formação educacional mais altos, os estados do Sul e Sudeste apresentam uma capacidade crítica maior. A informação corre mais rápida, a mídia tem um papel mais significativo. De modo geral isso não acontece no Nordeste, onde a população mantém um ar reverencial com a figura do presidente", finaliza o professor.

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