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Perspectiva

Um olhar otimista para 2050

Veja como os paranaenses pensam no seu bem-estar |
Veja como os paranaenses pensam no seu bem-estar (Foto: )
Confira que os americanos têm uma visão menos otimista em relação à sociedade em 2050 |

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Confira que os americanos têm uma visão menos otimista em relação à sociedade em 2050

A maioria da população vislumbra um cenário de mais oportunidades, menos preconceito racial e com uma educação pública de melhor qualidade. O contraste, contudo, surge na questão sobre a pluralidade religiosa: quatro em cada dez paranaenses temem o crescimento da intolerância.

Uma sociedade mais justa

Em 2050, o Brasil será um lugar melhor para se viver, na opinião de 65% dos paranaenses. Levantamento do Paraná Pesquisas, a pedido da Gazeta do Povo, mostrou que a população está otimista para daqui a 40 anos. Com base no resultado, vislumbra-se uma nova sociedade, com renda mais bem distribuída e oportunidades para os jovens.

O exercício de futurologia para 2050 – e, sobretudo, os resultados – é altamente influenciado pelo momento de crescimento econômico vivido pelo país. "As pessoas acreditam sempre em um futuro melhor", avalia Murilo Hidalgo, diretor do Paraná Pesquisas. No entendimento de Hidalgo, a pesquisa comprova o perfil otimista do brasileiro – 65% dos entrevistados afirmam que o Brasil será um país melhor nos próximos 40 anos. "Mas nem sempre isso é positivo", pondera Hidalgo.

Coordenador do curso de Economia do FAE Centro Uni­­versitário, Gilmar Lourenço ressalta essa face confiante, mas considera alguns índices não tão elevados, indicando descrédito. "As pessoas estão calejadas. Em um passado nem tão remoto, houve momentos de recessão econômica e hiperinflação", afirma.

É impossível dissociar o brasileiro da imagem de otimista: pesquisa semelhante, realizada pelo Pew Research Center for the People & the Press, mostrou americanos desacreditados na evolução de sua educação pública e duvidando de uma distribuição de riquezas mais igualitárias em 2050.

Para o Brasil ser realmente um lugar melhor para se viver em 2050, a susten­­tabilidade será tema-chave. Nesse desafio de "futurologia", a Federação das Indús­trias do Estado do Paraná (Fiep) lançou o projeto Curitiba 2030, discutindo como as cidades devem se preparar para o futuro. "É uma forma de ver como seria essa cidade sustentável, onde cidadãos, empresas e governo colaboram para gerar bem-estar", afirma Rodrigo Rocha Loures, presidente da Fiep. Para alcançar o objetivo, o conceito da cidade do futuro está calcado em quatro pilares: educação, sustentabilidade, tecnologia e cidadania plena.

Sociedade teme mais conflitos religiosos

Da educação pública à desigualdade social, o ambiente do Brasil vai favorecer a diminuição do preconceito e facilitar a distribuição de riquezas. Entretanto, o país pode seguir os passos da Irlanda e conviver com os conflitos causados pela intolerância religiosa. "Essa é uma guerra travada no subterrâneo da sociedade. Atualmente, esse é o nosso preconceito velado", opina o sociólogo Daniel Cardoso, professor da Universidade Positivo. Um dos aspectos perigosos da religião é o fato de lidar com diferentes crenças. "Quando falo em religião, trata-se do conforto pós-morte. Quem pensa diferente de mim pode soar como perigoso", diz Cardoso.

Para o pesquisador de Religião, Religio­­sidades e História da Igreja Euclides Marchi, o mundo caminha para a aceitação da pluralidade religiosa. "Ela vai forçar uma convivência pacífica entre as diferentes religiões. E as diferenças serão aceitas com facilidade", diz. Na avaliação de Marchi, a intolerância religiosa é sempre acompanhada por elementos políticos, econômicos ou raciais. "Se não haverá conflito racial, econômico ou político, não existe motivação para os problemas entre religiões", afirma.

Fé na medicina e na cura do câncer

Três em cada quatro paranaenses confiam na cura do câncer até 2050. Na realidade, qualquer outra doença teria um porcentual semelhante: há fé inabalável da população no avanço da medicina. O diretor do Instituto Carlos Chagas/Fiocruz-PR, Samuel Goldenberg, crê nos resultados da medicina genômica. "Pode-se imaginar uma medicina mais personalizada, com medicamentos ou procedimentos executados em função da constituição genética do indivíduo", opina. O diagnóstico também será mais simples, facilitando a descoberta e o tratamento de doenças graves. "Com a capacidade de diagnóstico atual, já existe como prevenir o câncer. Em 2050, será mais fácil", diz.

O médico geneticista presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Salmo Raskin, aponta a falta de informação como responsável pelo elevado índice de crédito na cura da enfermidade. "Na prática médica, as pessoas e os médicos, muitas vezes, se frustam com expectativas ambiciosas", diz. A medicina, para Raskin, se desenvolve de forma gradual, ao contrário do pensamento da população. "Um medicamento precisa de duas décadas para chegar ao mercado", afirma. O médico, no entanto, confia no aumento da capacidade de diagnóstico para facilitar o tratamento do câncer.

Um país mais forte nas relações internacionais

Sete em cada dez pessoas confiam na economia do Brasil como ferramenta para aumentar a importância do país no contexto mundial. Não faltam motivos para crer no crescimento econômico. "Brasil tem um enorme potencial. E muitas coisas ainda precisam ser feitas nas áreas fiscal, tributária e física, enquanto a maior parte dos países já realizou suas reformas", afirma Gilmar Lourenço, coordenador do curso de Economia do FAE Centro Universitário. Além das reformas, na avaliação de Lourenço, existe a necessidade de investir mais em infraestrutura. "Uma das opções é firmar parceria com o setor privado", diz.

Presidente da Federação das In­­dústrias do Estado do Paraná (Fiep), Ro­­drigo Rocha Loures considera a geografia do país favorável ao desenvolvimento. "Há uma condição natural de terras e so­­los férteis e grande concentração de água doce", esclarece. Os fatores naturais podem colaborar para transformar o país em uma espécie de potência ambiental. "O crescimento precisa se dar de forma harmoniosa, focando-se na força da economia da região", diz.

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