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Habitação

Um pesadelo começa a acabar

A Vila 23 de Agosto, vista do alto: sujeita a enchentes | Ricardo Almeida/SMCS
A Vila 23 de Agosto, vista do alto: sujeita a enchentes (Foto: Ricardo Almeida/SMCS)
A nova vila: casas pequenas, mas em lote regular e seco |

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A nova vila: casas pequenas, mas em lote regular e seco

Elissandra: mudança traz a esperança de uma nova vida |

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Elissandra: mudança traz a esperança de uma nova vida

"Este pode ser um dos melhores anos da minha vida", diz Elissandra Martins Tófoli, 28 anos, enquanto espera a sua vez de fazer a mudança para a casa nova. A família dela está entre as 11 primeiras que foram transferidas da Vila 23 de Agosto, no Ganchinho, para o conjunto habitacional Moradias Jandaia, no mesmo bairro. O reassentamento começou a ser feito ontem pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). Elissandra e os dois filhos, de 2 e 3 anos, moravam num barraco na margem do Ribeirão dos Padilhas há quatro anos. E para que este seja um dos melhores anos de sua vida, a manicure, que luta contra o câncer, só espera conseguir uma aposentadoria, porque não pode mais trabalhar.

Ontem, Elissandra estava apreensiva. "Só consegui dormir por volta de 3 horas da madrugada", conta. Pela manhã, levantou cedo e levou os filhos para a creche. Depois, ficou acompanhando a mudança de seus vizinhos e aguardando a sua vez. "Fui todos os dias ver minha casa nova, que tem dois quartos, sala, cozinha e banheiro", diz ela. A vida na Vila 23 de Agosto não é nada confortável. De acordo com Elissandra, as famílias vivem com a ameaça frequente de enchentes e incêndios e ainda têm suas casas invadidas por baratas e ratos."

"Quando chove, tem mais água dentro do que fora de casa", reclama Verediana Ribeiro, 20 anos, vizinha de Elissandra e que também mudou de casa ontem. A mudança dela foi a primeira a chegar no conjunto habitacional. A nova casa tem sala, cozinha, banheiro e um quarto. Lá Verediana vai morar com o marido e o filho, de 4 meses.

A sogra dela, Indianara de Fátima Rodrigues, 37 anos, também estava com todas as suas coisas prontas para a mudança no início da manhã de ontem. A família dela, de sete pessoas, vivia num barraco de dois cômodos há cinco anos. Agora eles vão viver em uma casa com três quartos. "Cada um vai ter o seu cantinho", comemora a auxiliar de cozinha. "A casa é linda".

Urbanização

Assim que as famílias saíram, as antigas casas foram destruídas para evitar novas ocupações. O presidente da Cohab, Mounir Chaowiche, que acompanhou as mudanças, explica que nos primeiros meses as famílias terão de arcar apenas com as despesas de água e luz. "Após a regularização e quando elas estiverem com a escritura em mãos passarão a pagar cerca de R$ 50 por mês durante dez anos", afirma. Segundo ele, a partir do próximo fim de semana vão ser retomadas as mudanças. No conjunto Moradias Jandaia vão morar 314 famílias.

Chaowiche diz que a Cohab está realizando o maior programa de retirada de famílias das margens dos rios. "Moradores de mais de 40 vilas estão sendo reassentados em Curitiba", completa. De acordo com ele, também existe a preocupação de evitar novas ocupações irregulares. Por isso, assim que as famílias são retiradas tem início a urbanização da margem do rio, com plantio de árvores e construção de áreas de lazer para a comunidade vizinha.

O presidente da Cohab garante que até o início de 2010 serão reassentadas 4 mil famílias em Curitiba. O investimento é de R$ 188 milhões e os recursos são da prefeitura de Curitiba e do governo federal. "Com esse projeto nós eliminamos 30% das ocupações irregulares da cidade", diz Chaowiche.

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