Escolas adotam lanche saudável
Érika Pelegrino, do Jornal de Londrina
Na região de Londrina, 23,2% dos estudantes pesquisados apresentam sobrepeso. A chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Londrina, Lúcia Cortes, reconhece o problema e afirma que o governo promove ações para minimizar o problema. Segundo ela, o cardápio da merenda nas escolas estaduais vem sendo reestruturado com a aquisição de produtos da agricultura familiar. "Essa medida tem dois objetivos: promover a agricultura familiar e inserir mais verduras, frutas e legumes na merenda escolar", afirma. Além desses produtos, segundo ela, o açúcar diminuído no cardápio. "Acrescentou-se mel e granola, por exemplo."
A professora diz ainda que as cantinas escolares não podem vender refrigerantes, frituras e salgados industrializados. "Tem que ter sucos naturais, salgados assados, lanches naturais", observa.
A nutricionista e docente do Centro Universitário Filadélfia (Unifil), de Londrina, Carla Regina Pires, argumenta que o sobrepeso e a obesidade entre crianças e adolescentes exigem ações como a inserção da disciplina de nutrição na grade curricular para trabalhar o tema da alimentação saudável com crianças a partir dos 5 anos até os adolescentes de 18 anos.
Na avaliação dela, é importante também a presença de mais nutricionistas dentro das escolas para trabalhar não apenas o cardápio da merenda, mas também diretamente com as crianças.
Quase um quarto da população escolar paranaense (ou 22,8%) sofre de excesso de peso. É o que aponta a pesquisa Paraná Saudável, divulgada ontem pela Secretaria de Estado de Esportes e Turismo. O estudo é resultado de entrevistas com 17 mil alunos de 361 escolas da rede pública estadual, em 94 cidades do estado, nos últimos dois anos. Destes 22,8%, 16% estão com sobrepeso e 6,8% obesos. A prevalência de estudantes do sexo feminino acima do peso é 2,5% maior do que o observado junto aos meninos 24,1% contra 21,6%. A tendência também é mais presente entre adolescentes filhos únicos e de famílias de maior poder aquisitivo.
INFOGRÁFICO: Resultados mudam conforme a região do estado
Assessor técnico e científico do programa, o professor Dartagnan Pinto Guedes explica que os resultados obtidos diferem conforme a localidade e o estilo de vida dos jovens. A Região Metropolitana de Curitiba e o Litoral reúnem o maior índice de alunos com sobrepeso 27,6%. Já a Região Sudeste registrou o menor 14,8%. "O índice estadual é alto, inclusive maior do que o verificado em alguns países europeus", afirma Guedes.
Sedentarismo
Segundo ele, 60% dos entrevistados praticam atividades físicas. O sedentarismo, mais frequente entre as meninas, tem forte impacto no tempo livre dos jovens. Assistir televisão, por exemplo, ocupa diariamente mais de quatro horas do tempo de parte dos entrevistados. "Se verificarmos que essa taxa de atividade física ocorre entre alunos de 5 a 18 anos, é uma taxa muito pequena. Isso tem sido outro problema. Temos que incentivar a prática de esportes", afirma. Guedes pontua que a preferência por algumas modalidades esportivas já foi sondada durante a pesquisa junto aos estudantes e que isso deve ser aproveitado nas próximas ações do governo.
O diagnóstico, diz o gerente do Paraná Saudável, Luiz Henrique Martins, servirá de apoio para medidas que ajudem a reduzir os índices de sobrepeso entre a população escolar. "Vamos capacitar professores da rede estadual e tentar sensibilizar pais e familiares dos alunos, a partir de uma campanha, para que eles se atentem ao problema que têm em suas casas", explica.
De acordo com a pesquisa, o sedentarismo apresenta variações conforme o nível socioeconômico. Junto aos alunos de poder aquisitivo menor, por exemplo, foi observada pouca ingestão de frutas e verduras, porém a prática de atividades físicas é maior. Já jovens com pais de maior poder aquisitivo têm uma alimentação mais saudável, mas ligada a hábitos sedentários.
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