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Um voto consciente de olho no futuro

Experiência na escola teve até comício de candidatos mirins | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Experiência na escola teve até comício de candidatos mirins (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

Aluna do 3.º ano do ensino fundamental, Sophia Zanatta chegou mais cedo para a aula na última segunda-feira. O motivo era o nervosismo: ela concorreu a uma vaga de vereadora nas eleições da Cidade Mirim, do Colégio Opet. A irmã, de 3 anos, ajudou a puxar os votos do ensino infantil e, com 77 votos, Sophia foi eleita presidente da Câmara de Vereadores (Mirim). Ela vai comandar um dos poderes da cidade, ao lado de João Pedro Fratoni e Gustavo Schlichta, eleitos, respectivamente, prefeito e vice para a gestão 2014/2015 pelo Partido Social Mirim.

A trajetória dos meninos começou em 2012, quando, aos 7 anos, Gustavo ficou em primeiro e João em segundo na eleição para o legislativo das crianças. Com dois mandatos na vereança, o futuro prefeito aprendeu a ser eloquente, e fala com segurança da proposta de "doação de roupas para entidades filantrópicas" que teve de deixar de lado – eles só têm direito a duas proposições por ano.

Canal

Na Cidade Mirim, a política funciona como um canal para o aprendizado da cidadania. Mesmo sendo de uma forma divertida, a iniciativa não é só uma mera brincadeira. Propostas inviáveis, como estender o recreio para até uma hora, por exemplo, são proibidas. A ideia é demonstrar na prática que a vitória exige responsabilidades, como ficar na escola até mais tarde ou perder o recreio em uma reunião da Câmara.

O quintanista Felipe Pedroso Lopes sabe bem disso. Atual prefeito, ele e o vice, Lorenzo Reis, viveram a experiência de passar um intervalo inteiro dando plantão na prefeitura e "só veio uma pessoa, que pediu para fazer uma sala de inglês". Se valeu a pena? "Valeu, a gente debateu muita coisa enquanto estava aqui."

Felipe, que em 2015 passa a faixa adiante, guarda santinhos e o cartaz da campanha vitoriosa como um troféu. Mas o processo pedagógico da Cidade Mirim não está restrito aos vencedores. Quase sem querer, o prefeito eleito mostra que já entendeu isso. Perguntado como iria convencer os eleitores adversários a votar nele, João Pedro deu um exemplo. "Não dá para ficar julgando a pessoa porque não votou na gente. Só esperamos que mais gente goste da nossa [proposta]."

O especialista em Educação Marcos Meier destaca que vitória e derrota é uma maneira importante de ensinar sobre representatividade. Segundo ele, essa experiência pode ser vivenciada mesmo em eleições de representante de turma.

"As escolas que não trabalham esta seleção como um elemento político estão perdendo uma oportunidade de ouro", conclui Meier.

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