Por dois meses, cerca de 30 famílias indígenas se uniram aos moradores de rua embaixo do Viaduto do Capanema. Sem local ideal para ficar, eles vieram até a capital do estado para vender seus artesanatos. Muitos trouxeram os filhos junto. Ao todo, perto de 100 indígenas acamparam no local.
Marilene Bandeira, de 42 anos, de etnia caingangue, veio de Laranjeiras do Sul, com o marido e os cinco filhos – o mais novo era um bebê de 3 meses. “A gente tem que vender nosso artesanato para ter dinheiro para viver”, diz. Renata Fernandes, de 28, também veio com os três filhos e o marido com o mesmo objetivo. “Ficar na rua não é bom. Muito perigoso para as crianças”, diz.
Atualmente, Renata está morando em uma casa de passagem inaugurada pela prefeitura para os indígenas.
“Com a casa é muito melhor, principalmente para as crianças”, afirma Terezinha Nascimento, também da tribo caingangue que veio do Rio Grande do Sul com dois filhos.
A Casa de Passagem tem capacidade para 70 pessoas e o serviço é coordenado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). O governo do estado fará o diálogo com os municípios de origem dos indígenas para buscar reduzir o movimento migratório descontrolado.
O promotor Eduardo Bueno afirma que o problema do indígena no Brasil é a ausência de uma política pública que possibilite a autossutentabilidade das aldeias. Segundo o Ministério Público Estadual (MP-PR), 90% dos cerca de 16 mil indígenas que vivem no Paraná dependem de programas assistenciais, como o Bolsa Família.
“A falta dessas políticas faz com que eles acabem saindo para vender o artesanato. É preciso ter uma ajuda para que eles possam obter renda também da venda de produtos agrícolas, por exemplo. O ideal é que eles consigam ser autossustentáveis em suas próprias aldeias”, afirma.
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