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Entrevista

Uma cidade em estado de alerta

Os comandos das polícias Civil e Militar se instalaram em Londrina, Norte do estado, na semana passada. Dois dias depois da chegada do delegado-chefe da Divisão Policial do Interior, Luiz Alberto Cartaxo Moura, e do comandante do Policiamento do Interior da PM, coronel Celso José Mello à cidade, foi realizado o protesto "Chega de Luto", mobilização organizada pela Associação Comercial e Industrial (Acil), que teve apoio maciço da população. Entretanto, ambas corporações negaram o vínculo entre a vinda deles e a manifestação que parou o centro da cidade e reuniu 5 mil pessoas, segundo os organizadores. O Jornal de Londrina (JL) conversou com o delegado e o coronel sobre segurança pública. Confira os principais trechos da entrevista.

No início do ano passado, o JL divulgou uma pesquisa do instituto Paraná Pesquisas que mostrava que um de cada quatro londrinenses já havia sido vítima de roubo, furto ou agressão por parte de bandidos nos 12 meses anteriores. Como os senhores avaliam este número?

Luiz Alberto Cartaxo Moura – O número está um pouco acima da possibilidade real, é um número excessivo. Em 2005, que deve ser o período dessa pesquisa, vocês tinham uma realidade de tráfico aqui, que foi minimizada com o trabalho das polícias. Hoje o momento é de crimes contra o patrimônio, furtos, assaltos e seqüestro relâmpagos e crimes violentos que sensibilizam a sociedade.

Celso José Mello – Não posso nem questionar a pesquisa, tenho que respeitar esse número que você está me dizendo. Quem encomenda a pesquisa encomenda com um direcionamento e o técnico de estatísticas, dependendo desta vontade dos clientes, aplica certos parâmetros que nem sempre são os mesmos para clientes diferentes.

Nos últimos três anos, houve aumento de 56% no número de roubos na cidade. E temos os casos de latrocínio.

Cartaxo – Os latrocínios em 2005 foram 10, em 2006 foram 15 e neste ano estamos no patamar de 7. É a mesma média do ano passado. Isso não significa nada, porque latrocínio é um crime contra a vida, um crime odioso que temos que extirpá-lo. Enquanto houver um único evento deste, é preocupante. Onde que está o combate mais forte para evitar esse crime? É no desarmamento. É onde estamos trabalhando. Essas operações (feitas pelas polícias), que podem parecer muita pirotecnia, são para apreender arma e droga.

Mello – Todas essas grandes operações têm por trás um trabalho prévio de inteligência. Já surgem com mandados de busca e de prisão. Vão aos locais onde tem tráficos, fugitivos, informações claras de armamento. É um trabalho nos centros nervosos do estado, como Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa e Maringá. Em Londrina não é diferente, principalmente porque é uma das maiores cidades da Região Sul.

O que a ocorrência de mais crimes contra o patrimônio, registrada em Londrina, muda na estratégia das polícias?

Mello – Não vamos falar só de Londrina. Crimes contra o patrimônio têm sido uma constante pelo problema social, que é a causa em todo o país. O morro desce no Rio de Janeiro não só para traficar drogas, mas para fazer arrastões, é crime contra o patrimônio.

Cartaxo – Se fôssemos trabalhar só com número, Londrina apresenta no momento um crescimento de crimes patrimoniais, mas ainda está abaixo da média paranaense, muito abaixo da média de Curitiba e abaixo da média de Foz do Iguaçu. O duro é que esse tipo de comparação não traz efeito nenhum de convencimento, por que o que interessa para a população é que não haja qualquer número. Mas é utópico.

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